Brasil: Crise na Terceirização.

Crise na Terceirização.

Luiz Eugênio Antunes Pereira (*)

Na eclosão da Segunda Guerra Mundial surgiu para o mundo, advinda dos EUA, a “Terceirização”, método de delegação de funções utilizado pelas indústrias bélicas, naquele momento, concentradas na produção de armamentos. Desta forma, atividades secundárias das indústrias eram transferidas para prestadores de serviços.

Logo, a metodologia de trabalho se espalhou pelas grandes organizações modernas. Técnicas como o downsizing e just in time foram aderidas de forma consciente pela Administração. O setor privado, sempre inovador, buscou a redução de seus gastos com a máxima especialização das linhas de produção, transferindo a terceiros, atividades ditas paralelas. A prática foi extremamente saudável para o desenvolvimento do setor privado e por muito tempo se mostrou adequada alternativa ao setor público, conseguindo graus aceitáveis de produtividade.

Porém, no Brasil, sempre permeado de problemas peculiares, a Terceirização no setor público tem se mostrado muitas vezes ineficiente. Nos últimos dias, a Caixa Econômica Federal anunciou a perspectiva de redução dos seus contratos de parceria e a provável contratação de centenas de novos servidores para o próximo ano. Este quadro não é isolado no plano financeiro, a realidade permeia inúmeras outras empresas públicas e autarquias que já tornam notícia seus planos de contratação.

Os problemas da Terceirização começam pela corrupção nos contratos, normalmente empresas de propriedade de funcionários estatutários (mascaradas por consangüíneos) e membros do executivo lotam as licitações e impossibilitam uma competitividade igualitária. Além deste mal maior, quando se trata de atendimento, nos deparamos com servidores de empresas terceirizadas mal treinados e descompromissados. Além disso, é uma forma de concentração de renda, devido aos baixíssimos salários pagos pelo setor privado aos seus colaboradores. Quem nunca esperou horas em um setor de “call center”, ou mesmo, recebeu informações trocadas nos bancos públicos?

A cobrança dos populares dentro dos novos rumos da Administração Pública com conceitos de “cidadão cliente”, faz com que as empresas “estatais” se especializem e busquem novas alternativas. A solução, recentemente anunciada pelo nosso Lula, será a contratação. Indubitavelmente, daqui a alguns anos estes servidores concursados, extremamente qualificados, que passam por maratonas de provas extenuantes, poderão promover o desenvolvimento do país. Todavia, é preocupante pensar como a União vai arcar com os salários destes servidores. Seria mais responsável que o Estado Brasileiro desenvolvesse suas metodologias de auditoria para combater a corrupção e renovasse suas estruturas de orçamento nos contratos, visando melhores condições para as empresas terceirizadas.

O inchaço da “máquina brasileira” preocupa a todos nós brasileiros já massacrados por anos de gestões contraditórias. As conseqüências sociais são atordoantes e atormentam o cotidiano do cidadão de bem. A especialização dos setores deve ser estudada caso a caso e uma “tendência” ou ordem geral não deve ser seguida como norma padrão. Em cada Estado ou Município da Federação, temos determinadas condições, em cada empresa pública nos deparamos com determinados problemas. As contratações ordenadas pelo nosso catedrático presidente deveriam ser avaliadas com maior critério, o Estado brasileiro já não possui a agilidade de gestão necessária a um país em desenvolvimento, prova deste quadro é a fragilidade do orçamento da União, agora ameaçado pelas simples CPMF, contribuição ou imposto? Prefiro chamar de assalto.

Produtividade e Terceirização sempre caminharam juntas, cabe ao Brasil adequar sua arcaica estrutura administrativa aos novos métodos de Administração, vamos eliminar os “gargalos”. Acreditar que desordenadas contratações vão “curar” o Brasil é mais uma utopia do nosso mal informado “Lulinha; paz, amor e populismo”, devaneios de quem não sabe o que faz...

Luiz Eugênio
Enviado por Luiz Eugênio em 29/10/2007
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