Tinder a vitrine da carne humana

Tempos modernos meu bem ! Seja por falta de criatividade, insegurança, timidez, tempo, ou aquele receio de se estar sendo incoveniente e invasivo em puxar assunto com aquela pessoa que você se sentiu atraído em um ponto de ônibus, por exemplo. Muitas pessoas recorrem a tecnologia, um dos aplicativos mais bombados para relacionamento, e paquera, o Tinder.

Seja lá qual for o seu objetivo, sexo casual, ménage, relacionamento sério, procurando sua alma gêmea, relacionamento sugar. 

Ou até mesmo amizades, tá procurando aquele grupo de rolê topzera pra curtir os finais de semana. 

O Tinder é pra todos, sem distinção ! Uma diversidade de pessoas, gêneros, orientações sexuais, estilos e peculiaridades. Muitos perfis "aparentemente interessantes".

Com uma quantidade de likes e super likes limitados para aqueles que não tem condições financeiras ou não querem investir em planos como Tinder Plus, Tinder Gold e obter mais recursos como voltar atrás naquele perfil que você deu um "x" sem querer, ter likes e super likes ilimitados e ser visto primeiro pelos perfis que mais te interessaram, aumentando assim a chance de mais matchs.

O que na minha opinião é um tanto elitista, capitalista, algoritmos estratégicos que colocam perfis aleatórios com quem você dificilmente daria match, dificultando a interação, para te forçar a pagar por um plano, sendo que só pelo fato de você estar utilizando o app, você já está dando lucro para os desenvolvedores. 

Talvez por trás de uma tela de celular as pessoas se sintam mais confortáveis para se relacionarem, podem até colocar uma máscara e vestir se de uma personalidade atraente e interessante da qual ela não é, ou queria ser. Fantasias, idealismos de perfeição, distorções sobre o que e como se relacionar. Assim como no Instagram, o foco e cultura gira em torno de status, ostentação, materialismo, de mostrar as belezas e qualidades, e esconder as imperfeições e fragilidades, que são reflexos de todos nós, até que elas vêem a tona e a máscara de perfeição cai por terra. E ao reveladas as imperfeições, muitos tendem a desistir um dos outros, talvez porque estejam buscando kens e Barbies, uma distorção de valores e essência. 

Alguns estam ali até mesmo pra colecionar matchs pra alimentar seu ego, e ganhar seguidores no insta. 

E talvez você já tenha passado por isso de mandar mensagem e a pessoa ter uma interação fria, monótona e monossilabica, ou nem responder. 

A tal modernidade prevista por Bauman, líquida e efêmera. Uma vitrine de crianças muitas vezes ainda imaturas, feridas e solitárias, buscando um passatempo, um estímulo em meio ao tédio dessa vida árdua de adulto, julgando e descartando as pessoas  facilmente (como se fossem objetos), pelo corpo, e descrições que a maioria não lê, selecionando o que serve ou não para os caprichos do teu Ego. E perdendo cada vez mais a essência da sua criança interior. 

Alguns podem até ter tido a sorte de obter conexões legais com pessoas especiais, muitos casais podem se formar, como já ouvi relatos. 
Mas, fato é que...

"Nunca antes na história da humanidade estivemos tão conectados, e ao mesmo tempo tão distantes, solitários, e objetificados."

Então será que somos maduros o suficientes para nos relacionarmos virtualmente, se muitas vezes nem pessoalmente sabemos lidar uns com os outros, aceitando as imperfeições uns dos outros !? 
Ou será que somos apenas crianças feridas em corpos de adultos, que em meio aos avanços tecnológicos está tentando aprender sobre o que é de fato o amor e como se relacionar !? 

Você já tomou consciência hoje sobre a sua criança interior e sobre como ela está ? Se tem algum trauma, alguma insegurança que te impede de se relacionar bem consigo mesmo e com o mundo ? 
Antes que querer compartilhar a vida com alguém é fundamental nos autoconhecermos, nos acolher, amar, apreciar mais nossa própria companhia, estarmos inteiro para que então possamos ter uma boa interação com os outros, seja virtualmente ou pessoalmente sem criar expectativas, e nos machucarmos frequentemente em um ciclo eterno de decepções. 
 
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Víctor Sigmaringa
Enviado por Víctor Sigmaringa em 16/02/2021
Código do texto: T7186176
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