Estréia

As eleições municipais para os cargos de prefeito e vereadores já estão aí de novo! Será que estamos nos antecipando? Acho que não. Afinal, muitos já estão em campanha, sim! Não oficialmente, é claro; pois a justiça eleitoral ainda não permite a prática de propaganda. No entanto, já estamos começando a ver os seus bastidores, como num espetáculo, a preparação nos camarins para a estréia triunfal. Os possíveis candidatos já começam articular suas campanhas na “surdina”, “mexendo os pauzinhos”, trabalhando em “off”, e como estão dizendo por aí, no “escurinho do cinema”. Ora, na política isso é fato comum, não é novidade nenhuma que os pleiteadores de cargos públicos comecem a trabalhar antes do tempo. No entanto, não podemos deixar de observar com a devida maturidade essa etapa tão corriqueira e promissora que é campanha eleitoral. Não podemos deixar de lado os fatos verossímeis que temos presenciado constantemente no cenário político. Sabemos que há bons e maus candidatos, claro, não dá pra generalizar e dizer que todos são “farinha do mesmo saco”. Tentemos então analisar mais precisamente os bons e os maus. Os bons são aqueles que honram o compromisso firmado com seus eleitores, defendem os interesses do povo, buscam melhorias para a coletividade, propõe leis sérias e construtivas, fiscalizam e cobram resultados, não prostituem suas idéias e não se vendem por vantagens particulares. E há também os maus, que são aqueles que usam a palavra como prática da mentira e do sensacionalismo, que não respeitam a inteligência do eleitor, que usam rádios e meios de comunicação para promover-se às custas do falatório inútil e da propaganda enganosa, que querem crescer em cima da crítica vazia aos adversários; usam os microfones públicos para o palavreado vazio e demagógico a favor do nada, que não trabalham e mostram-se cansados pelo labor pacífico e parasita que praticaram durante o tempo, voluntariamente, perdido. Ora, os bons políticos se mostram em obras e resultados, não se escondem durante os mandatos, são sérios no que dizem e no que fazem, não usam o poder para facilitar-lhes benefícios. Os bons políticos representam o povo e os maus políticos representam papéis de teatro. Os bons não precisam “gritar” histericamente para os quatro cantos suas conquistas e intenções, pois a sobriedade e a fortaleza lhes são virtudes quando se pode ver transparentemente seus trabalhos realizados. Os maus políticos se escondem durante os mandatos e aparecem durante as campanhas com as mesmas promessas e os mesmos gritos estagnados de sempre. Pois precisam recuperar a qualquer custo a confiança dos seus. Buscando uma analogia com a arte dramática, poderíamos dizer que o espetáculo político possui também vários gêneros, como na dramaturgia: comédia, drama, ficção, terror, realismo. Acho que já vimos todos eles, com certeza. Porém na política os personagens estão na realidade objetiva, nua e crua. No teatro a estória acaba quando as cortinas se fecham e as luzes se apagam. Na política, o público sente ainda depois as conseqüências inevitáveis do espetáculo assistido. Vivenciam as marcas deixadas por seus protagonistas no afã de uma nova e promissora estréia. Os velhos truques se atualizam a cada quatro anos, as velhas máscaras são polidas de novo, e os velhos artistas voltam em cartaz com seus espetáculos. Há público para os bons e há público para os maus. Que o espetáculo não nos decepcione!