O time do tempo tem uma torcida de sonhos

O time do tempo tem uma torcida de sonhos

Luiz Alberto Silveira

Merece homenagem quem tem uma história a ser contada que não entenda de tempo. Uma história (ou estórias) que escancare emoções e chore se necessário. Uma história de quem tem um coração (e se orgulha de ter) que faz o passado ter coisas diferentes à dizer. História de gente que brota em nós, de todos os tempos, de todos os lugares. História que leve a fazer perguntas para quem acha que já tem todas as respostas, que todos os conselhos são inúteis e que não entende que viver de amor requer saber sofrer e que é possível chegar próximo da rendição e ver tudo mudar. Na minha história vejo que não sou antigo nem moderno, mas noto que já caminho lento. O tempo fez de mim outro e tão outro que as vezes esqueço de mim e dos meus tempos. Nem das minhas saudades as vezes lembro e das que lembro nascem e findam no mesmo lugar que é meu e sempre será. Serão de mim todos os meus tempos com todas as cores, todos os prazeres, todos os perfumes mas, também todas as dores. Trago em mim a marca de um tempo e sinto que alegria dos amigos sempre me divertiu e o amor dos que amo sempre me completou, na presença, na ausência e na lembrança. Vida longa a estes tempos que de mim nunca sairão porque foram feitos de sonhos, de pessoas, de movimentos. Foram feitos de cansaços e descansos, foram feitos de doçuras - também amarguras, de sol, de chuva e de ventos. Tempos meus que te partistes e me trouxestes a mim e novas sementes de ti que germinam contentes . E o que sei de mim é que o ser sempre foi mais forte, tão forte que dele tirei o ter. E continuo indo atrás de mim entendendo mais o que sou e o que de mim consegue ver o que um dia fui e do que sou capaz. Imponho-me a tarefa de viver com contínua e intensa curiosidade pela vida que semeia o tempo, que mesmo gasto, mostra que sou feito de tempo. Do tempo que sempre algo novo me traz. Algo de lamento sim, mas nem tanto, pois senti que o lamento é um componente essencial na história da felicidade. Na minha história sinto (e forte) que o maior cárcere na vida é o da consciência do mal praticado, do bem deixado de fazer, do perdão esquecido de dar, das escolhas que poderiam ter sido diferentes e dos amigos esquecidos Cuidemos para não sermos nossos próprios prisioneiros e não nos esqueçamos que numa boa história deverá ter sempre, no mínimo, um alguém que tornamos feliz. O jogo da vida não se joga para vencer- se joga para ser feliz pois o time do tempo tem uma torcida de sonhos.