O que é e como definimos o som ?

Artigo no formato ebook Kindle.

Artigo publicado na Revista nº 26 do IHGMC -1º semestre de 2021.

Fonte – Produção – Transmissão – Propagação - Recepção

O som veio silencioso sob a forma de uma carícia e finalmente uma história. Passo a comentar sumariamente no formato contextualizado no caso que venho de reproduzir a expressão som, sensível no sentimento delicado da vida é uma bela canção.

Este artigo se volta para as relações da música com o corpo e com o espaço, sugere-se aqui em linhas gerais para um projeto de observação da história e contempla alguns momentos no desenrolar da produção musical.

Som: palavra que vem do latim "sonus", é a propagação de uma frente de compressão mecânica ou uma onda mecânica e significa literalmente a vibração de um corpo percebida pelos ouvidos, ou energia sob a forma de vibrações chamadas ondas sonoras. É a matéria prima da música. Para várias religiões, ou filosofias, o som é a fonte de toda a criação. Para cristãos “a palavra” é o começo: – “Disse” Deus: Haja luz, e houve luz.

Quando ele fala um potente estado de canto explode dos corações angélicos e esparge sua ressonância pôr todas as graduadas ordens de seus grupos, os anjos a música nada mais é do que incorporações do verbo criativo de Deus, expressões de sua voz. Se quiserdes apelar para os deuses da música, tendes que vos elevar até o nível do Eu, em que a energia e o poder criativos se encontram entesourados.

Da combinação harmônica dos sons temos a música, a divina arte que nos eleva acima da vida comum e nos diviniza a alma. Sem a harmonia não poderia existir o mundo superior, onde moram as ideias sublimes.

Para os Hindus o Om (ॐ) é considerado o corpo sonoro do Absoluto, Shabda Brahman é o som do Universo, a semente que fecunda todos os outros mantras. Para os Egípcios, assim como várias tribos aborígenes “músicas sagradas” também representam o começo.

Em diversas culturas o “Som” seria a principal fonte de tudo que existe dentro do que chamamos de “Criação”. Os chineses também possuíam uma crença de algo imensamente fundamental na música. Um trecho de uma música era considerado uma fórmula de energia.

A música encerraria, em seus tons, elementos de ordem celestial, assim como a matemática da música englobaria proporções e princípios sagrados, sendo a “vibração cósmica” a base de toda matéria e energia.

Sons naturais são, na sua maior parte, combinações de sinais, ou frequências, sendo um som puro representando por uma senoide pura, a forma mais simples de uma onda. Possuem uma velocidade de oscilação, ou frequência, que se mede em Hertz, ou ciclos por segundo, e uma amplitude, ou energia, que se mede em decibéis.

Sons audíveis pelo ouvido humano têm uma frequência que varia entre 20Hz e 20.000Hz. Abaixo de 20Hz temos os infrassons e acima de 20.0000Hz os ultrassons.

Mas como é feito o som? Definição.

Quando vibramos uma corda de aço esticada, por exemplo, produzem-se oscilações no ar que, por sua vez, entram na parte externa dos nossos ouvidos conduzindo as ondas sonoras em direção ao tímpano que vibra.

Essas vibrações que são captadas pelos nossos tímpanos, passam por uma espécie de caracol -chamado clóquea- que há dentro dos nossos ouvidos e são enviadas, através do nervo auditivo, para o nosso cérebro.

O cérebro interpreta esses sons e assim se forma a música dentro da nossa cabeça.

As ondas sonoras ou oscilações podem ser registradas por um instrumento chamado osciloscópio.

É a velocidade da onda sonora quem determina a altura ou afinação do som, e é a amplitude quem determina o volume do som.

O Concorde, único avião supersônico comercial do mundo, é um exemplo da força do som: se ficarmos perto de um avião desses, o ruído de suas turbinas pode facilmente romper nossos tímpanos. O som que o Concorde produz é classificado como ruído ou barulho, palavras que estão sempre separadas da ideia de som musical e ligadas à ideia ou noção de desordem.

O Grego Pitágoras (570-495 a.C.) ficou conhecido não somente pelo Teorema que leva seu nome, mas também pela introdução do conceito de “Música Universalis” e a “Harmonia das Esferas”. Para Pitágoras a natureza seria sempre harmoniosa: plantas movem-se seguindo equações matemáticas, que correspondem a notas musicais, produzindo uma espécie de sinfonia.

Como consequência surgiu o conceito de “Música Humana”, segundo os quais operariam com acordes, produzidos pelos nossos sistemas e subsistemas orgânicos. O que entendemos como doenças seria o equivalente a uma orquestra desafinada.

O filosofo chinês Confúcio (551-479 a.C.) dizia que “se desejamos conhecer se um reino é bem governado, se sua moral é boa ou ruim, a qualidade de sua musica irá fornecer a resposta”.

Nos dias de hoje, porém, podemos afirmar que quase todo som pode ser transformado em música. Muitos são os músicos que através de algumas experiências tentam colocar sons de coisas como serras elétricas dentro de estruturas musicais.

A música, segundo várias culturas, teria o poder de harmonizar o organismo. Ondas atravessando um meio físico, e nós somos um meio físico, produzem efeito direto sobre as nossas estruturas orgânicas. Sendo assim o som, ou a musica, podem afetar não somente nosso corpo, como também nossos pensamentos e nossa mente. A linguagem também é fruto do som. Nossa fala ou nossa capacidade de se comunicar através da voz é o resultado de sons produzidos pelas cordas vocais, as quais servem de veículo sonoro a uma ideia na formação das palavras. Esses sons emitidos através da vibração das cordas vocais recebem o nome de fonemas. Assim, todo fonema é som, mas nem todo som é fonema.

Todo som sempre traz junto de si a ideia de harmonia. Como já disse o filósofo Cícero: "unus sonus est totius orations" (todo o discurso tem um tom uniforme).

A região dos Campos das Vertentes é um celeiro de sons. As cidades de São João Del Rey e Prados compartilham o apelido de “Cidade da Música”. Tiradentes também traz em sua gênese a musicalidade que vem das igrejas e das construções barrocas. As influências dessa cultura na formação de seus habitantes e seus desdobramentos históricos estão documentadas em “Uma História de Amor à Música (BEI Editora), com texto dos Jornalistas Marília Scalzo e Celso Nucci”.

Pré-história - A palavra música, do grego mousikê, que quer dizer "arte das musas", é uma referência à mitologia grega e sua origem não é clara. Muitos acreditam que a música já existia na pré-história e se apresentava com um caráter religioso, ritualístico em agradecimento aos deuses ou como forma de pedidos pela proteção, boa caça, entre outros.

Antiguidade - Muitos historiadores apontam à música na antiguidade impregnada de sentido ritualístico e como instrumento mais utilizado a voz, pois por meio dela se dava a comunicação e nessa época o sentido da música era esse, comunicar-se com os deuses e com o povo.

Idade Média - Na Idade das Trevas ou Idade Média a Igreja tinha forte influência sobre os costumes e culturas dos povos em toda a Europa. Muitas restrições eram impostas e, por essa razão, observamos o predomínio do canto gregoriano ou cantochão, porém houve um grande desenvolvimento da música mesmo com o direcionamento da igreja nas produções culturais e nessa fase a música popular também merece destaque com o surgimento dos trovadores e menestréis.

Renascimento - Nesse período, na Europa, cresce o interesse pela música profana (que não era religiosa). A música também é trabalhada em várias melodias, porém ainda as melhores composições musicais dessa época foram feitas para as igrejas.

Barroco - A música barroca foi assim designada para delimitar o período da história da música que vai do aparecimento da ópera e do oratório até a morte do compositor, maestro e instrumentista Johann Sebastian Bach.

Classicismo - Nesse período, a música instrumental passa a ter maior destaque, adquirindo "porte", elegância e sofisticação. São sons suaves e equilibrados. Nesse período criou-se, ainda, a sonata, e os espetáculos de ópera passam a ter um brilho maior, bem como as orquestras se desenham e passam a ter grande relevância.

Romantismo - Diferente da música no classicismo, que buscava o equilíbrio, no romantismo a música buscava uma liberdade maior da estrutura clássica e uma expressão mais densa e viva, carregada de emoções e sentimentos. Os músicos, nessa fase, se libertam e visam, por meio da música, exprimir toda sua alma, mesmo princípio vital espírito.

Natureza - Nos tempos de hoje na cidade nós ouvimos o som do CD's, pen drives... Na zona rural ouvimos o som de uma perpétua sinfonia de pássaros, periquitos, sapos, grilos e outros animaizinhos... Tudo isso às vezes acompanhado pelo sonoro canto de um vizinho que trabalha sua terra.

O longo processo evolutivo originou uma variada gama de espécies e características distintas, dentre as quais pode-se destacar o sistema sonoro de localização de morcegos e alguns mamíferos marinhos, como uma das adaptações mais sofisticadas do reino animal e mais de sons variados; o burro zurra, o cachorro late, camelo blatera, cavalo relincha, cigarra canta, cobra sibila, elefante brame, galinha cacareja e assim por diante.

Denominado Ecolocalização, este mecanismo tornou-se fonte de inspiração para a criação de tecnologias empregadas por outros mamíferos: os seres humanos.

A ecolocalização consiste, basicamente, na utilização de ondas sonoras para identificação de objetos e outros seres vivos que possam estar “invisíveis”, ou que encontrem-se situados à longas distâncias. Assim como em morcegos e pequenos mamíferos similares a ratos, ambos mais ativos durante o período noturno.

Os seres-humanos produzem som ao expelir ar pela laringe. As cordas vocais dentro da laringe se abrem e se fecham de acordo com a necessidade para separar a corrente de ar em pequenos bolsões de ar. Esses bolsões são moldados pela garganta, língua e lábios nos sons desejados.

A maioria dos cientistas que estudam os mamíferos marinhos acredita que o som desempenha um papel particularmente vital no desenvolvimento e bem-estar dos cetáceos. A produção de som pelos cetáceos é notavelmente diferente desse mecanismo. O mecanismo preciso difere nas duas maiores subordens de cetáceos: os Odontoceti (baleias dentadas, incluindo os golfinhos) e os Mysticeti (baleias de barbatana, ou baleias verdadeiras, incluindo as grandes baleias, como a baleia-azul). – (Canto das baleias).

Música no século XX - Podemos dizer que, esse período, para a música, foi uma verdadeira REVOLUÇÃO. O entusiasmo foi grande, inovações, criações, novidades, tendências, gêneros musicais apareceram. Foi um período rico para a música, impulsionado pela rádio, e pelo surgimento de tecnologias para gravar, reproduzir e distribuir essa arte.

No início do século XX, o interesse por novos sons fez os compositores incorporarem uma grande quantidade de instrumentos e objetos sonoros à música. O Compositor norte americano como Leroy Andersen, que compôs uma obra para máquina de escrever e orquestra, o compositor brasileiro Hermeto Pascoal que criou músicas com sons produzidos por garrafas, ferramentas, conversas e grunhidos de porcos e o compositor italiano Ottorino Respighi, que escreveu uma obra para orquestra e rouxinol intitulada "Pinheiros de Roma".

Todos os sons podem ser aproveitados em música, pois oferecem muitas possibilidades de enriquecer uma composição.

Para realizar essa narrativa, é preciso, outrossim, atentar para os ruídos que cercam a produção oficial de música. Urge perceber os cantares divergentes, dar voz à sua existência marginal, determinar seus elos com a política dos discursos e descobrir até que ponto seus timbres estranhos surgem como resposta às abstenções determinadas pela Igreja. Faz-se necessário indagar os cantores do mundano, das ruas, dos espaços sem regras (ou com outras diferentes daquelas infundidas pela Igreja, regras baseadas nos desejos, nos apetites, na gravitação da pele junto a outra) – os troveiros e trovadores do norte e sul da Provença; os minnesinger da Alemanha; os goliardos, clérigos errantes que faziam das tavernas sua pátria, das estradas seu itinerário; os jograis e menestréis, cantadores das gestas seculares, das histórias populares; interessam escrever a paixão (e o prazer) com que cada um deles cantava, à sua maneira, o amor, a lascívia, os sentidos. Não raro, estes músicos do grotesco ajudaram a construir os rumos do fazer musical ocidental. Suas passagens pelo bizarro da experiência humana, as práticas pervertidas, as falas obscenas, os gostos desvirtuados pela desmesura, pela embriaguez, trouxeram ao mundo da música, da arte, o imensurável, os espaços proibidos, as imagens da sordície, os sons da algazarra, a face de Dionísio, Deus dos ciclos vitais, das festas, do vinho, da insânia, do teatro e dos ritos religiosos, e coloriram a vivência musical para além das notas dadas pela Igreja, inspiradas em Apolo, a mais célebre representação de Deus.

Desse modo toda agitação produz ondas, uma frase que emitimos ou um instrumento que vibra criam ondas sonoras.

As ondas ou oscilações eletromagnéticas são sempre da mesma substância, diferenciando-se, porém, na pauta do seu comprimento ou distância que se segue do penacho ou crista de uma onda à crista da onda seguinte, em vibrações mais ou menos rápidas, conforme as leis de ritmo em que se lhes identifica a frequência diversa. Neste contexto, iniciaria por uma canção, uma mistura de letra e melodia percorrendo uma linha reta entre quem cante e que escuta; um ajunta de mensagem e som, quando aquele que enuncia é também afetado; uma música onde pudessem escorregar livremente os conceitos, os saberes, o sensível. De falar do não escrito, das pequenas ressonâncias, dos ruídos interditos, dos silêncios que revelam; dos espaços instaurados pelo ressoar de uma nota, um sussurro. Uma amostra sem letra, sem o traço, o desenho de um mapa, territórios de pertença e de recusa, feitos de ar (como as fazendas de Drummond)– "Referência ao poema de Carlos Drummond de Andrade intitulado Fazendeiro do ar", mas também de outras coisas, como o sopro do cantor. Fontes das altas e sãs inspirações das lições tradicionais da música, que nos levam em direção às serenas alturas da arte, chegam um momento, na história do pensamento, onde a palavra e o gesto não são mais suficientes para traduzir as emoções da alma. É então que o senso musical desperta e entra em jogo na própria literatura, que deve ser como um reflexo da harmonia superior.

A música na história dos seres e dos mundos, um imenso círculo, que permite todos os sonhos, todos os voos da imaginação; abre novos caminhos, em tudo o que faz o poder, a grandeza, a beleza do universo Na medida em que horizontes se ampliam e que a humanidade se comunica com a vida universal, formas mais perfeita de expressão e de sensação tornam-se necessários para responderem ao estado vibratório, às crescentes radiações da alma.

A antiguidade, criadora do gênero, havia compreender isso. O poeta antigo era, ao mesmo tempo, cantor e compositor. Porém, atualmente, a poesia não é mais do que uma das formas da literatura.

A música, nós sabemos, representa grande papel na inspiração profética e religiosa; considerada como meio de transmissão de pensamento

artístico, traduz em vibrações harmônicas, sons de infinita delicadeza; vibrações melodiosas, harmonia musical com seus maravilhosos efeitos. O canto e a música em sua íntima união podem produzir a mais alta impressão. Quando ela é sustentada por nobres palavras a harmonia musical pode elevar as almas às regiões celestes. É o que se realiza com a música religiosa, com o canto sacro.

Resultado que os termos pobres de nossa língua humana são impróprias para traduzir todas as belezas da obra divina. (linguagem comum às regras e as leis da grande sinfonia eterna).

Sirvo-me dos mais simples termos e imagens para a compreensão dos fenômenos do espaço e a sensibilidade musical, resultando sensações maravilhosas de sonoridades, percebidas por todo o ser.

A harmonia da música, imaginamos a impressão experimentada pelo ser espontâneo; não se trata mais de sensação de bem estar, de contentamento, mas de uma espécie de acalento, de ondulações acompanhadas de uma sensação especial porque determina um estado emotivo, uma espécie de êxtase. As vibrações sentidas nesse estado formam o que nós chamamos de tonalidades; eles são produzidos por atritos de camadas espontâneas entre si.

O canto e a música em sua íntima união podem produzir a mais alta impressão. O cântico produz uma dilatação salutar da alma divina, uma emissão fluídica que facilita a ação das forças invisíveis. Não há cerimônia religiosa verdadeiramente eficaz e completa sem o cântico. Quando a voz pura das crianças e dos jovens ressoa pela abóbada dos templos, desprende-se com que uma sensação de suavidade angélica.

Observamos o som que os pássaros produzem, cantam melodiosamente em honra do Senhor dos mundos.

Porém, unida a palavras malsãs, a música é mais do que um instrumento de perversão, um veículo de torpeza que precipita a alma divina nas baixas sensualidades, e aí encontra uma das causas da corrupção dos costumes na época atual.

O fenômeno sonoro desenvolve-se de círculo em círculo, de esfera em esfera, e amplia-se até o infinito. Ele leva a alma, o espírito, em suas grandes ondas, sempre mais longe, sempre mais alto, no mundo do ideal, e nela desperta sensações tão delicado quanto profundo, que a preparam para os júbilos e os êxtases da vida superior.

A paz tão desejada e preconizada por Kant "Immanuel"-(1724-1804); filósofo prussiano, é um dos principais atributos da harmonia. Euterpe é a sua Deusa. È representada trazendo entre as mãos uma Harpa, como a querer demonstrar que os sons tirados de suas tensas cordas nos darão prazer e alegria e estão ao alcance de qualquer um. O poder misterioso e soberano estende-se sobre todos os seres, sobre toda a natureza. Com efeito, a lei das vibrações harmônicas rege toda a vida universal, todas as formas da arte, todas as criações do pensamento. Ela introduz equilíbrio e ritmo em todas as coisas. Ela influi até sobre a saúde física por sua ação sobre os fluidos humanos. Sabe-se que Saul, em suas crises nervosas, chamava Davi, que através dos sons de sua harpa acalmava a irritação do monarca. Em todos os tempos, e ainda nos dias atuais, a arte musical foi aplicada à terapêutica, e com resultado. Poder-se-iam multiplicar os exemplos.

A harpa, através de seus sons eólicos, dissipa nossos pesares, acalma nossas dores e embala-nos deliciosamente o espírito, o meio mais seguro de

elevar o pensamento às alturas sublimes, onde reside o talento inspirados elemento indispensável à vida intelectual. No livro Espiritismo na Arte dita O código de Hoël diz, com efeito: “Há três coisas inalienáveis em um homem livre: o livro, a harpa e a espada”.

A voz humana possui também, quando é verdadeiramente bela, entonações de uma flexibilidade e de uma variedade que a tornam superior a todos os instrumentos. Ainda melhor que isto, ela pode expressar todos os estados de espírito, todas as sensações da alegria e da dor, desde a invocação de amor até as entonações mais trágicas do desespero. É por isso que a introdução dos coros nas músicas orquestradas e na sinfonia enriqueceu a arte de um elemento de encanto e de beleza.

A percepção do som, como se formam as vibrações. Na parte imaterial do ser humano, transportado na esfera vibratória, encontra-se envolvido por uma rede de ondas sonoras do qual os elementos são constituídos por seres responsáveis pela nossa existência. O que ele experimenta? Experimenta uma impressão comparável à que vocês sentem quando ouvem em música uma nota tônica. Quanto mais as ondas do campo vibratório se desenvolvem em velocidade e comprimento, mais a impressão experimentada pelo espírito é viva, penetrante e comparável em termos humanos, à que os sons agudos nos fornecem.

Portanto temos, de um lado, a nota tônica, e de outro, o som agudo. Se no campo vibratório as ondas variam em velocidade e em intensidade, a amplitude do som varia, e esse som parte de um ponto inicial, comparável à nota tônica. Esse ponto inicial compreende uma certa onda vibratória que não pode medir. Eis uma comparação: os fonógrafos, aparelhos de gravação e reprodução de sons emitem sons onde, além da sonoridade produzida pelo instrumento, se aproximarmos o ouvido do pavilhão, experimentamos um calor mais ou menos intenso de acordo com a elevação do tom. Ora, a alma divina não sente calor, mas sensações mais ou menos deliciosas, segundo a velocidade, maior ou menor, e segundo a onda, de maior ou menor comprimento. As radiações que tocam a alma são coloridas de tons incrivelmente variados. Cada cor possui uma propriedade particular, que confere uma sensação de bem estar, de satisfação, que difere de acordo com a pureza, a homogeneidade de cada tom. É preciso, portanto, levar em consideração, de um lado, a qualidade das ondas, isto é, sua coloração, e de outro lado, sua velocidade, seu comprimento, as diversas fases de seus meandros. Tudo isso provoca, na alma divina, incomparáveis e excessivamente variados fenômenos, pois, quanto mais evoluído é o espírito, mais as ondas que ele percebe são diversas, assim como as cores, que exprimem os sentimentos. A gama de sons, tal como a concebemos, não é senão uma relação de sensibilidade que não possui nada de absoluto. Concebe-se muito bem que existe uma relação entre as ondas sonoras e as ondas luminosas, porém tal relação escapa a muitos observadores e sensitivos porque as percepções são bastante diversas em seus graus de intensidade, sendo as vibrações luminosas incomparavelmente mais rápidas do que as vibrações sonoras. Temos exemplos na diferença que se estabelece entre as notas mais baixas, que correspondem às cores mais escuras, e aos sons agudos, que respondem às intensidades luminosas mais vivas. Todos nós possuímos o mesmo órgão auditivo, e, no entanto diferença de sensações experimentam os ouvintes de uma sinfonia, de acordo com seu grau de cultura e sua elevação psíquica!

As notas musicais, a sonoridade, som resultante de uma vibração que impressiona nossos órgãos físicos e produz, em consequência, um fenômeno virtual, sensação que acarreta uma satisfação de bem estar moral e espiritual. O músico, compositor sendo transportado à esfera musical, isto é, ao campo vibratório animado pelo encantamento do belo, recebe vibrações que, chocando-se com seus próprios eflúvios, produzem sensações de júbilo em sua alma. Assim disse um dos compositores, músicos: A melodia é para a luz o que a harmonia é para as cores do prisma, isto é, uma mesma coisa sob dois aspectos diferentes: melódico e harmônico.

Platão (célebre filósofo grego 'Atenas, 428 ou 429 - id., 348 ou 347 a.C.') nos diz: A música é uma lei moral. Dá alma ao universo, asas ao pensamento, saída à imaginação, encanto à tristeza, alegria e vida a todas as coisas. A lei das notações musicais regula todas as coisas, e seu ritmo acalenta a vida universal. O compositor musical chega a executar sua melodia pessoal sobre as mil oitavas do imenso teclado do universo; ela é invadida pela harmonia sublime que sintetiza a ação de viver e a interpreta de acordo com seu próprio talento, prova cada vez mais as felicidades que a posse do belo e do verdadeiro proporciona, felicidades que os verdadeiros artistas podem entrever deste mundo. O que se chega a uma concepção elevada da lei das notações musicais, e de suas aplicações, deve auxiliar todos aqueles que, abaixo dele, transpõem a grandiosa escala das ascensões. E todas as ascensões da vida à perfeição eterna, todo esplendor das leis universais, resumem-se em três palavras: beleza, sabedoria e amor!

Entre os séculos XIX e XX, avanço tecnológico, naquele tempo aconteceu à invenção da transmissão do som, pelo cientista brasileiro, gaúcho Padre Roberto Landell de Moura, 21/01/1861 a 30/06/1928, também abordado pelo viés da ciência, demonstrou paralelamente interesse pelo espiritismo, psicologia e homeopatia. Um dos pioneiros em nível mundial, a conseguir a transmissão do som e sinais telegráficos (transmissão de sinais) sem fio por meio de ondas eletromagnéticas, o que daria a origem ao telefone e ao rádio, ondas de rádio e luz. Relacionamos aqui o fenômeno físico, ocorrência observável relativa à matéria à energia sonora ou ao espaço-tempo (som – ondas acústicas). Movimento vibratório tão extenso quanto à distância que nos separa desse outros mundos que rolam nossa cabeça, ou sob nossos pés, chega então a voz e faz ouvir o som articulado ou instrumental.

Emanação terráquea – Em um círculo afastado da terra, no plano das três dimensões, região triste e lúgubre, vibração de puro ceticismo nas esparrelas do vício, multidão incomensurável formada pelos os que desfrutam dos prazeres materiais de forma tão desenfreada que difícil será ouvirem a voz dos que pregam a redenção dos bons e humildes. O vozear, nesta faixa de terra é ensurdecedora. A chamada à bacanal se faz aos sons de toque de retumbantes tambores. A harmonia musical era deturpada pela licenciosidade da palavra falada. A nota Tonica discordante e ninguém se entendiam tal é a vibração sonora.

– Quando tudo for silencio... Um dia havemos de nos calar! E, quando o som harmonioso ou desarmonioso de nossa voz não mais se fizer ouvir, a grande voz do silencio falará por nós e nos anunciará o reino do Infinito Amor. Falarão nossos olhos; falarão nossas mãos; falará, então o nosso coração! Ele dirá coisas que só o Zéfiro saberá ouvir; cantará tão doces melodias que só as harpas divinas poderão acompanhá-lo... Ele salmodiará sussurros de arroios em forma de poemas... Da contribuição harmônica dos sons temos a música, a divina arte que nos leva acima da vida comum e nos diviniza a alma.

Plotino, filósofo grego (205-270 d.C.) diz: “se alguém esperando ouvir uma voz que deseja, ao afastar o ouvido das outras vozes, despertar para a melhor das vozes audíveis, quando essa voz se apresentar, assim também aqui é preciso esse afastar as audições sensíveis, se não houver necessidade de cada uma, para guardar a potencia da alma de receber em troca pura e pronta para ouvir sons do alto”.

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N.E.: A caneta é a língua da mente – citado por Miguel de Cervantes, escritor espanhol.

Landulfo Prado
Enviado por Landulfo Prado em 18/07/2021
Reeditado em 22/07/2021
Código do texto: T7302047
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