PRESTÍGIO VERSUS EDUCAÇÃO (Thomas Sowell)

Prestígio versus educação

por Thomas Sowell em 08 de novembro de 2007

Resumo: Pare e pense: em que é baseado o prestígio de uma instituição acadêmica?

© 2007 MidiaSemMascara.org

Nota do tradutor – o assunto deste artigo parece ser de interesse menor para o público brasileiro. Ele se dirigiria apenas aos secundaristas norte-americanos que sonham em estudar em uma universidade de renome. Contudo, Sowell observa um fato da vida da universidade nos EUA que é cada vez mais comum nas universidades brasileiras. É o fato de o professor eminente, grande cientista (atenção, infelizmente temos aqui poucos grandes cientistas e muitos artistas que fingem sê-lo) só dar aulas na pós-graduação. Nas melhores universidades brasileiras isso também acontece. Um projeto recente do MEC, de aumento de vagas nos cursos das universidades públicas brasileiras, está, talvez, possibilitando uma implantação mais ampla desse estado de coisas. No bojo do aumento de vagas e com o discurso de que as universidades federais são instituições de pesquisa (algumas até que poderiam ser consideradas assim, mas dificilmente mais que cinco ou seis delas), nas quais os professores – pesquisadores que são – não poderiam dar muitas aulas, a carga horária adicional seria, em parte, de responsabilidade de alunos de pós-graduação, cujo trabalho seria supervisionado pelos seus orientadores. Se essa idéia for amplamente implantada – e com o passar do tempo – teremos, aqui, a situação descrita por Sowell neste artigo.

Os concluintes do ensino médio que querem estudar numa faculdade de qualidade no outono de 2008 já devem estar se preparando para as provas necessárias antes que eles possam se inscrever em tais faculdades, o que ocorre usualmente entre janeiro e fevereiro.

Umas das conseqüências de se fazer essas provas, se você se sai bem, é que você será soterrado por folhetos e catálogos de faculdades e universidades de todo o país.

Alguns estudantes podem se sentir lisonjeados por Harvard, Yale ou M.I.T. estarem ansiosas por suas inscrições. Mas a realidade brutal é que a razão por elas desejarem tantas inscrições é para que possam rejeitá-las.

Por quê? Porque a classificação do prestígio de uma faculdade ou universidade como uma instituição “seletiva” é estabelecida por quão diminuto é o percentual dos inscritos que é aceito. Então eles conseguem milhares de inscrições de nossos jovens, para que eles sejam rejeitados.

Aproveitando que estamos falando de realidade e prestígio, um dos trágicos equívocos de muitos estudantes e seus pais é que você deve estudar numa prestigiosa e afamada instituição para progredir e ter sucesso.

Alguns estudantes entram em profunda depressão quando são notificados, em abril, de que foram rejeitados em alguma escola da Ivy League de seus sonhos. Quando eles são aceitos, alguns pais entram em profundo débito para financiar a educação de sua prole numa dessas faculdades.

Raramente qualquer dessas reações tem sentido.

Pare e pense: em que é baseado o prestígio de uma instituição acadêmica?

O prestígio acadêmico é baseado principalmente no sucesso das pesquisas da faculdade. Lugares como Harvard ou Stanford têm muitos professores que estão entre os eminentes especialistas em suas respectivas áreas de estudo, incluindo-se alguns laureados com o Prêmio Nobel.

Bom para eles. Mas isso é bom para você, se você é estudante numa dessas universidades?

Professores famosos muito dificilmente estarão lecionando Inglês I ou Cálculo I. Alguns nem estarão ensinando na graduação, apenas em cursos de pós-graduação.

Em outras palavras: as pessoas que geram o prestígio que o atrai à universidade podem ser vistas andando pelo campus, mas dificilmente serão vistas em frente a sua sala de aula quando você começar seu curso.

Disciplinas mais básicas são usualmente lecionadas por jovens professores ou mesmo por alunos de pós-graduação. Contudo, essas disciplinas são usualmente a fundação sobre a qual se constroem as disciplinas mais avançadas.

Se você não domina realmente física, economia ou cálculo básicos, é improvável que você se saia bem nas disciplinas avançadas, que pressupõem seu domínio dos fundamentos em que elas são construídas.

Ao contrário, nas pequenas faculdades sem o prestígio das grandes universidades de pesquisa, os cursos introdutórios (que contêm os fundamentos dos cursos mais avançados) têm muito mais probabilidade de ser lecionados por professores experientes, que são mais professores que pesquisadores.

Talvez essa seja a razão de que os graduados de tais faculdades freqüentemente se saem melhor do que os graduados das grandes universidades de pesquisa.

Você pode nunca ter ouvido falar da faculdade Harvey Mudd, mas um maior percentual de seus graduados vai para o doutoramento do que dos graduados de Harvard, Yale, Stanford ou M.I.T. O mesmo acontece com os graduados de Grinnel, Reed ou várias faculdades menores.

Dos CEOs das 50 maiores empresas americanas pesquisadas em 2006, somente um quarto tinha feito a graduação em instituições da Ivy League. Alguns – como Michael Dell, da Dell Computadores e Bill Gates, da Microsoft – não são sequer graduados.

Aparentemente, graduar-se numa universidade de prestígio não é uma coisa de vida ou morte, como alguns estudantes e pais pensam.

Infelizmente, classificações de prestígio são tão exageradas na mídia – especialmente pela revista U.S. News & Report – que muitos pensam que elas são o critério de escolha da universidade.

O que você quer realmente não é a “melhor” faculdade, mas a faculdade que se adeque melhor a você. Para essa escolha, você precisa de informação mais aprofundada e não classificações estatísticas. Para tais informações, você poderia começar por consultar as faculdades do guia de 900 páginas, “Escolhendo a Faculdade Certa”. Depois disso, seria bom fazer uma visita aos campi.

Publicado por Townhall.com

Tradução de Antônio Emílio Angueth de Araújo.

Thomas Sowell é doutor em Economia pela Universidade de Chicago e autor de mais de uma dezena de livros e inúmeros artigos, abordando tópicos como teoria econômica clássica e ativismo judicial. Atualmente é colaborador do Hoover Institute.

Fonte: Mídia Sem Máscara