E agora, cara pálida?

Esse texto não quer exprimir nenhum grau de satisfação, até porque não há motivo para isso. O que ele quer expressar é a minha indignação, a repulsa que tenho pela hipocrisia e pelo preconceito.

Ontem a polícia fluminense prendeu uma quadrilha de jovens de classe média por tráfico de drogas sintéticas, no caso, LSD e ecstasy. É algo lamentável e que rompe muito com a idéia pré-concebida de que , em geral, os traficantes sejam negros, pobres e moradores do morro.

O que devo concordar é que essa apreensão mostra a face mais cruel da questão das drogas, ou seja, do fascínio que envolve seu uso e/ou o tráfico. O que explicaria essa volúpia por estar tão à margem, tão perto de cair nas malhas da lei? A sensação de impunidade ? A vontade de lucro fácil? Eu não sou especialista em psicologia ou em sociologia, então entrego à quem tem competência e queira se manifestar, o espaço aberto para suas considerações.

O que eu não admito mais é o preconceito que sempre acompanha quando prendem-se negros traficantes, cujas considerações vão de prisão perpétua a pena de morte. Isso também aplica-se aos jovens brancos e de boas famílias? Bem, a lógica seria responder que "sim" mas sempre espero ouvir o "veja bem..."

Pois é, acho que , na verdade, temos de admitir algumas coisas, de forma intranquila mas é necessário admitir: estamos lutando uma guerra que tem todo as característica de uma guerra perdida.

Lutamos contra um inimigo que em estimativas conservadoras da ONU, giram algo em torno de US$ 5 trilhões ano, muito mais do que o PIB de muitos países; que lutamos contra um inimigo que compra as benesses de aparatos de governo, policiais, do Judiciário tanto no Brasil quanto no mundo; vendem um produto que, por mais que não queiramos admitir, dá prazer, mesmo sendo mortal e gere problemas graves de saúde pública, entre outras variáveis que dá o que pensar e dá para desanimar também!

Agora, não bastasse essa questão do uso, temos de nos previnir que alguns espertalhões, aliciadores, passadores de droga, etc, transformem nossos jovens em traficantes, provavelmente, aliciados pelo suposto lucro rápido e pela impunidade. Digo antes que alguém fale que não considero esses jovens vítimas passivas de algum espertalhão que os aliciou. Nada disso!!!!

Quem me conhece sabe que jamais defendi que se "amaciasse" com traficantes e continuo a defender essa posição. O usuário, esse sim e sem ser "coitadinho", deve ser tratado. Na minha visão, o traficante tem de ser punido severamente e considero, sinceramente, que as penas devam ser aumentadas e serem rígidas.

No entanto, é patético notar que esses jovens nem sequer se viam como traficantes!!! A garota achava que prestaria depoimento e seria liberada!!! Não sei se é para rir ou chorar.

Acredito ser o momento que se volte para alguns parâmetros de educação antiga onde os pais davam-se o direito de interferir na vida dos seus filhos quando necessário. Temos de nos convencer que, em alguns aspectos, a nova educação familiar e a própria concepção de vida familiar que temos, fracassou.

Não estou advogando que as mulheres devam deixar de trabalhar e cuidar de seus filhos como antigamente. Devem, na verdade, tanto pai como mãe, dedicar o tempo que têm, mesmo que seja pouco, a uma convivência qualificada com os filhos, ou seja, DAREM-SE AO TRABALHO! Filhos não são árvores que desenvolvem-se por si só e , mesmo as árvores, precisam de atenção, cuidados, adubo e água suficientes.

Quero reafirmar que não tenho ilusões quanto à muitas coisas mas tenho esperança que, de alguma forma, cada um assuma a tarefa que lhes cabe e que possamos contruir uma nova sociedade.

A prisão desses jovens é uma advertência grave! Não deixemos de ouví-la! É isso!

André Vieira
Enviado por André Vieira em 15/11/2007
Código do texto: T737922