Natal nosso de todos os dias

Era uma homem enigmático, ninguém sabia seu nome, onde morava, de onde vinha. No entanto, todos sabiam o que fazia: com alegria passeava por orfanatos semanalmente, fazendo a festa da criançada. Não trazia consigo presentes, balas e doces. Não se portava como Papai Noel, mas como carinhoso e simpático amigo. Em sua cesta de presentes muitos livros; livros de contos, histórias, poesias...

Colocava as crianças em seu colo e lia os livros, elas adoravam. Eram mágicos momentos onde ele e crianças adentravam o país da imaginação através do universo das letras, do conhecimento, e, sobretudo do afeto. Naquelas horas somente alegrias, pensamento navegando conduzido pelas aventuras da leitura. Por isso, todos o conheciam como o “Papai Noel nosso de todos os dias”, porquanto não aparecia somente no Natal, mas todas as semanas, trazendo conhecimento, e alegria aos pequeninos corações infantis.

Anos depois descobri que aquele notável homem se chamava Júlio. Exímio contador de histórias, apaixonado pela leitura, Júlio costumava dizer que seu objetivo de vida era distribuir afeto e leitura às crianças. E para isso usava uma técnica psicológica de grande sabedoria: colocava as crianças em seu colo e lia as histórias, mostrando que a leitura está aliada ao afeto e ao calor humano, que o conhecimento deve caminhar junto com o amor. Ao ler com uma criança em seu colo, Júlio fazia a conexão perfeita do universo das letras com o afeto ao ser humano.

A época natalina nos locomove a algumas reflexões: presentes caros, jogos, vídeo games são dados aos filhos. Muitos pais chegam a se endividar para oferecer as suas crianças o tão sonhado presente. Não sou contra vídeo games, jogos, computadores, mas sou a favor também de presentear as crianças com livros e carinho. Aliás, quando foi, caro leitor, a última vez que você deu ao seu filho ou à alguma criança um livro? Quando foi a última vez que você colocou seu filho ou alguma criança no colo e lhe contou uma história recheada de conhecimentos?

Em sua passagem pela Terra, assim agia Jesus: contava histórias recheadas de conhecimentos, presenteando o ser humano com o que há de mais belo: o convite ao uso do raciocínio. Jesus foi o perfeito Papai Noel porque combinava conhecimento e afeto em suas lições. Trazia um presente duradouro, intenso, eterno: o convite à reflexão sobre a vida e o amor à criatura humana. Que neste Natal pensemos a respeito do papel que desempenhamos como pais, educadores, amigos...

Que façamos de todos os dias um verdadeiro Natal, revivendo em nossos corações o ideal de Jesus, espalhando instrução, cultura e amor a todas as crianças que passarem pelo nosso caminho, tornando-nos assim como Júlio, contadores de histórias que convidam a pensar, ao mesmo tempo em que distribuem afeto, porque estes presentes são inquebrantáveis e deixarão marcas profundas nas crianças que serão os futuros senhores do amanhã.

Wellington Balbo
Enviado por Wellington Balbo em 17/11/2007
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