Feminismo: Uma visão masculina e laica

A interação entre pessoas com culturas diferentes sempre me fascinou. Nuca quis que o meu universo se resumisse ao meu bairro, a minha cidade. E muito menos às pessoas que pensam como eu, que comungam dos meus ideais. Porque, embora eu tenha certeza da divindade que sou, não teria jamais a arrogância de ser o único. “Vós sois deuses”, disse Yeshua, utilizando-se da segunda pessoa do plural. Numa linguagem mais coloquial, vocês são deuses, crianças. Somos potencialmente deuses, estamos desabrochando, rumo ao infinito, nossa luz.

E, dia desses, navegando pelos mares nunca dantes... Não, não seria honesto continuar por esse caminho, eu já me aventurei muitas vezes pelo universo do feminismo. Como disse acima, sou extremamente necessitado de aprender, o conhecimento é um dos alimentos de minh'alma. E para isso temos que caminhar para aonde nunca estivemos, insistentemente, desbravando terras novas, que nos ofereçam mais e mais lições.

E através do mar do Instagram cheguei a João Pessoa, conheci uma escritora e depois de alguns minutos de conversa, li uns artigos da jovem médica sobre o feminismo e confesso que gostei bastante. Ela leu uma crônica minha escrita para um público espírita, a qual ela achou superficial. Mas uma das coisas que me chamou a atenção na sua crítica sobre o meu texto foi ela dizer que não posso usar a religião para falar sobre esse tema que é tão mal compreendido até mesmo entre as mulheres. Tudo bem, eu expliquei meu ponto de vista, agradeci, prometi refletir sobre o assunto e continuamos trocando ideias quase que diariamente.

Sim, eu posso, embora sempre respeitando as opiniões contrárias. Muitas vezes as religiões são usadas para manipular, para enriquecer alguns que se dizem enviados de Deus, mas que não se preocupam de fato, pois não mostram isso com atitudes, e até mesmo, não raras vezes, a religião é usada para matar ou fazer matar. Portanto, se em nome da religião menos mulheres forem desrespeitadas, se menos mulheres morrerem, por mim está tudo bem.

Mas com certeza eu não acredito que precisamos de uma religião para amar alguém, não sou nem mesmo um religioso no sentido comum do termo. Ela seria mais uma ferramenta, a religião no sentido vulgar do termo, para trazer de volta ao equilíbrio aqueles que fugiram da rota natural da vida, que se perderam a tal ponto que se julgam melhores que alguém e, por isso mesmo, não enxergam a gravidade que é lesar seu semelhante.

Por essa razão, este artigo não tem cunho religioso, embora, no sentido mais profundo, etimológico, religião é aquilo que nos liga a nossa essência, à fonte da vida. E por isso mesmo toda iniciativa no bem, todo ato na direção da propagação do respeito que devemos uns aos outros, é também um ato religioso.

Mas vamos lá. Sim, sou feminista, então, venho declarar abertamente, se isso significa que respeito as mulheres como quero ser respeitado. E, embora sejamos diferentes, homens e mulheres, temos todo direito de escolher como vamos viver. E nós homens temos não somente a plena capacidade de mudar esse jogo, mas também a responsabilidade de o fazer. Tudo aquilo que nós tiramos de alguém, nós temos a obrigação de devolver. Todo desequilíbrio que causamos numa sociedade, é de responsabilidade nossa restaurar.

Diante disso, nós temos que conversar sobre esse assunto com os homens, sem hipocrisia, reconhecendo que muitas vezes nós também agimos mal a esse respeito. O Domínio dos homens sobre as mulheres é cultural e tem raízes tão profundas que muitas mulheres são machistas também. Mas não é uma questão de apontar dedos, mas de trabalhar soluções.

Somos nós que vamos falar para um amigo que as mulheres têm os mesmos desejos que nós e que por isso mesmo o valor delas não pode ser medido pelo número de parceiros ou namorados que elas tiveram. Somos nós que vamos propagar as informações corretas entre nossos colegas, como por exemplo, desmistificando a ideia de que feminista não se depila, ela pode ou não fazer, é uma escolha. De que elas odiariam os homens, coisa mais absurda. Elas na verdade querem ter os mesmos direitos que os homens, e, por exemplo, fazer sexo sem serem julgadas.

Aliás, não é nada inteligente que homens que querem ter relações com frequência, afirmar que as mulheres não o podem. A conta não fecha, amigos.

Existe excessos ou distorção do feminismo? Claro que sim, como existem em tudo. Existem pessoas que por não conhecer o assunto e preferir continuar na superfície prestam um desserviço à causa. Assim como há pessoas de má fé, como há pessoas que querem apenas tumulto. Mas todo aquele que trabalha por um mundo melhor saberá diferenciar "quem é quem" e "o que é o que" em qualquer setor desta busca pela construção de uma sociedade sadia.

Devo reconhecer que esse texto anda é superficial, pela grandiosidade do tema. Maquiavel, no entanto, diria que isso é bom. Vamos falar sobre isso em muitas vezes ainda. E vamos de leve, para não cansar o leitor. E para que não cansando, possa assimilar melhor a ideia. Que não é somente de respeito, mas de levar informação correta. Cada um dever ter a honradez de concordar ou não com o que quer que seja, depois de analisar os fatos e ideias. Para que não confunda alhos com bugalhos.

Posso não concordar com nada que diga, mas defenderei até a morte o direito de o dizer. (Voltaire)