CONTOS E POESIA PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

"A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteçao integral de que trata esta lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade."

(Texto do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), Lei n 8. 069, de 13 de julho de 1990, em seu livro I _ Parte Geral _ Título I _ Das Disposições Preliminares, Art. 3)

Quando se lê o texto acima anotado e se pensa no atual quadro de violência, desrespeito e falta de oportunidades para os jovens brasileiros, possívelmente o que diz a lei pode ser confundido com um romance da literatura infantil, numa daquelas histórias onde se descreve um país de sonhos e maravilhas.

Lembro-me agora do primeiro livro que ganhei de presente. Um cujo título era Carolina no país dos doces. Carolina gostava de doces e sonhava sempre que morava em um país no qual tudo era doce: as flores eram pirulitos, bengalinhas coloridas, sorvetes, bombons. As estradas eram pavimentadas com doce de caramelo. A casa era de chocolate. Sendo o que mais gostava, o sonho no sonho de Carolina era comer pedacinhos da casa. Entretanto, temia que a gostosa construção desabasse.

Um dia no sonho, Carolina encheu-se de coragem e comeu pedaços do rodapé. Para sua surpresa, nada de mal aconteceu e o pedaço retirado se reconstituiu deixando tudo em perfeita ordem.

As narrativas vivas e coloridas como as da história de Carolina enchiam as crianças de alegria. Castelos, príncipes, princesas, cavalos, cavaleiros, cavalheiros, casamentos que duravam para sempre eram os ingredientes favoritos das narrativas. Até que surgiram bruxas, monstros, super-heróis.

Os castelos de hoje são as estações espaciais com direito à excursão entre as trinta e cinco luas de Saturno e inúmeras galáxias. Nas asas da imaginação movida pela tecnologia digital e pelos efeitos especiais, as histórias continuam e têm relevância para crianças, adolescentes e mesmo adultos que ainda têm em si a criança que precisa viver em cada ser humao.

Cora Coralina nos oferece um poema narrativo de extrema beleza: O prato azul-pombinho. Cora fala de um prato, "último remanescente, sobrevivente, / sobra mesmo, de uma coleção, / de um aparelho antigo / de 92 peças".

"E lá estavam no fundo do prato,

_ oh, encanto da minha meninice! _

pintadinhos de azul,

uns atrás dos outros _ ataravessando a ponte,

com seus chapeuzinhos de bateia

e suas japoninhas largas,

cinco miniaturas de chinês.

Cada qual com sua tocha acesa

_ na pintura _ para pôr fogo no fogo no quiosque

_ da pintura". (CORA CAROLINA, 2002, p. 26)

No caso da poesia , principalmente para a criança e o jovem, importam o ritmo, a sonoridade, a batida das rimas e as possibilidades de mundos extraordinários. Como os criaram Cecília Meireles, com O menino azul (que queria um burro que soubesse conversar); Olavo Bilac (e as meninas que brigavam por causa de uma boneca); e Vinícius de Morais (brincando na luz com as borboletas brancas, azuis, amarelas e pretas).

E eu mesma, que chamo o homem-aranha para fazer parte deste texto:

Gosto do seu lado homem

Gosto do seu lado aranha

O mais gostoso desse herói

Com certeza é a sua manha