A Democracia, a vaca e os carrapatos
O Brasil é um país que nunca se levou e nem foi levado a sério e parece que assim vai continuar até o fim dos tempos.
O processo que condenou o deputado Daniel Silveira tem vários vícios de origem e portanto, é inválido. Não haveria necessidade de indulto presidencial se as atitudes dos ministros do STF não tivessem contando com o conluio do Senado e do Congresso e aplausos de parte da população.
Expressões como “condenação merecida”, “incitou a violência”, etc. mostram o grau do distanciamento que muitas pessoas estão da realidade.
E não adianta dizermos que a condenação não foi merecida porque o deputado não cometeu crimes e ninguém pode ser condenado porque “não vamos com a cara dele”.
Ela não foi merecida também porque não existiu um processo legal regular.
Não adianta também argumentarmos que dizermos o que uma pessoa é porque anteriormente ela já demonstrou publicamente o que é não é ofensa, porque não existe ofensa em falarmos a verdade.
Não adianta argumentarmos que “guardiões da Constituição” agirem ignorando completamente essa mesma constituição é uma forma de violência, não contra uma ou onze pessoas, mas contra 210 milhões de pessoas.
Essas mesmas pessoas já não se lembram mais de uma das maiores violências que a Sociedade já sofreu partiu justamente do STF, quando o ministro Marco Aurélio Mello concedeu habeas corpus ao André do Rap um dos líderes do PCC.
Contra esses argumentos, os que aplaudem o absurdo que estamos vivendo, vão contra argumentar com o infalível “isso não vem ao caso”.
Quando uma “autoridade” inepta tenta proibir um aplicativo como o Telegram, prejudicando milhões de usuários em função de um programa de TV tendencioso e inútil e a população age como se isso fosse normal, é sinal de algo anormal está acontecendo na mente das pessoas.
Tudo nesse mundo tem seu preço e a Liberdade não é exceção. Ela vale para os indivíduos bem intencionados e os mal intencionados. Para estes já existe leis suficientes para controlá-los, não há necessidade de termos “deuses” criando regras novas a qualquer momento e de acordo unicamente com suas conveniências.
Diante da ainda frágil Democracia brasileira a atitude mais razoável que seria de se esperar das “autoridades” e dos que pretendem ser cidadãos seria a preocupação em aperfeiçoá-la, mas o que estamos vendo tanto de uns como dos outros é a intenção de “matar a vaca para combater os carrapatos”.
Essa atitudes, em relação aos ministros do Supremo Tribunal Federal, é o cumprimento de uma missão motivada por sua completa amoralidade e em relação à população só pode ser explicada por seu alheamento da realidade.