De como nosso idioma conspira contra o desenvolvimento nacional.

Alguns (poucos) exemplos da linguagem nacional e o entrave econômico.

Sabe-se que a linguagem é uma forma de comunicação. Transmitem-se, através dela, não só a mensagem em sí, mas a idéia que criou a mensagem. Assim, não sendo clara a mensagem, a idéia se perde ou fica deturpada. Nossa linguagem, apesar de um idioma rico, traz em seu bojo termos que deturpam a idéia. Esse trabalho se resume a uns poucos deles. Nenhuma ordem se espere, estão dispostos como vêm a minha memória. Mais sugestões são bem-vindas.

Ganhar. Quando falamos em rendimentos, utilizamos essa expressâo "eu ganho". Gente, o que se ganha é nas loterias, nas rifas, em jogos de azar ou não, nos diversos sorteios tão ao gosto do brasileiro. Quando esse rendimento é oriundo de trabalho, físico ou não, precisamos de outra forma para descrevê-lo. No inglês, a expressão usada é " I make", eu faço. Quer dizer que fazemos um trabalho, geramos riqueza e somos recompensados com parte dessa riqueza. Ganhavamos quando, escravos, o patrão era benevolemte e nos permitia pequenas posses.Talvez valha a pena ver que expressões usam os diversos outros idiomas.

Lucro. Eita palavrinha xingada pelo vulgo popular. Até por que lembra "logro", o ato de enganar. Talvez seja de raiz similar. Voltando ao inglês, idioma imposto ao mundo pela tecnologia e/ou pelo aço dos fuzís. Talvez pelo aço primeiro, não sei. Na língua do grande bardo utiliza-se "profit". A raiz da palavra é a mesma de proficiência que, entre outros significados, quer dizer competência.

Tomar posse. Essa arrepia, quando descreve o ato de alguém ser investido num cargo das administrações públicas. Diz-se do presidente, dos governadores, deputados, vereadores e até dos reles amanuenses, os antigamente populares "barnabés". Abusando de um velho Aurélio - cuja lombada nem mais existe! - vejo que tomar posse é "pegar para sí". Então, numa linda solenidade, presentes diversas autoridades, repórteres dos vários meios de comunicação, canapés, brejerés, prosaicos croquetes, autorizamos, vestidos de domingo, que determinada pessoa tome posse do bem público. E depois reclamamos quando ele os dispõe como se dele fossem! Esse tomar posse vem dos tempos imperiais quando, aos amigos do rei, era possível realmente "tomar posse", pegar para sí, o que deveria ser público.

Burocracia. Brrrrrrr! A idéia é de Anápio Gomes, presidente do Banco do Brasil na década de 50, as palavras são minhas: A burocracia brasileira começa com imbecilidade e termina com irresponsabilidade. Ou desconfiança a priori e irresponsabilidade a posteriori. Esclarecendo, começa com imbecilidade dada a enorme quantidade de documentos e certidões necessárias para provar que somos nós mesmos e que somos sérios, compenetrados, cidadãos do bem. Juntada essa papelada toda, que geralmente incluí desde certidão de nascimento até negativas cartoriais, passando por eventuais títulos como "rainha da primavera", para as meninas, juramento à bandeira, aos meninos. Isto posto, juntada a documentação por vezes perfuradas por traças, dada a antigüidade, em outras com manchas de café e ovo frito, dado o descuido, somos rotulados, carimbados, certificados como cidadãos do bem. A partir desse momento, se assim o quisermos, tornamo-nos pessoas más, descumpridoras de suas obrigações, socialmente irresponsáveis, com um mínimo risco de punição. Afinal, alimentamos a burocracia com todos os documentos, taxas e emolumentos que a mantém gorda e feliz!

Pedem-se mais exemplos!

Eduardo Petrucci Gigante viu a luz em maio de 1956. Luz fraca, foi em maternidade pública. Formou-se, após diversos percalços, em Administração de Empresas com habilitação em Comércio Exterior. Especializou-se em Gerência de Recursos (sic) Humanos. E, desse título todo, exerce apenas o comércio. E da variedade interior, nada de exterior! Tem um filho de 12 anos. Que até passou de ano.

EDUGIG
Enviado por EDUGIG em 15/12/2007
Reeditado em 15/12/2007
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