Igualdade de género no Japão

Se este tema pode ser controverso, até para nós “mentes abertas” aqui no ocidente, então no oriente, e mais especificamente no Japão, chega até a atravessar a barreira para o tabu.

A sociedade japonesa é de valores e política conservadores. Existem certas expectativas em relação aos papéis do homem e da mulher na sociedade – até aqui, isto é algo com que nós nos podemos identificar. No entanto, o problema começa quando estas expectativas tomam dimensões excessivas, que é o caso.

A questão não é fácil de resolver, pois como tudo, a igualdade de género não é um conceito que existe num vácuo, e sim está inserida na sociedade, que por sua vez tem grandes influências e ramificações históricas e religiosas, de milénios.

A seguinte expressão japonesa ilustra bastante bem uma das suas filosofias centrais: “O prego que está em cima, dentro em breve será pregado” – com isto se quer dizer, que quem se destaca irá sofrer as consequências. A ideia de que as necessidades do grupo se sobrepõem às do indivíduo não é má por si, mas pode trazer problemas, por exemplo, quando há a necessidade de haver protestos que tragam mudanças na sociedade. Devido a esta forma de pensar, torna-se bastante difícil gerar movimentos deste género, pois os indivíduos receiam represálias que passam pela exclusão social como também académica, profissional e familiar. É aí que nós os estrangeiros podemos intervir, mesmo de longe. Atualmente, através do poder da internet, podemos demonstrar o nosso apoio e iniciar e promover ação de várias formas, até mesmo contribuir para a mudança de leis do país – algo que se viu a acontecer com a primeira lei LGBT a ser aprovada no Japão, em junho de 2023.

O Japão é uma ilha, e sempre foi um pouco fechado e heterogéneo. Esta estratégia foi crucial para a sua sobrevivência e prosperidade em tempos anteriores, mas neste momento, tudo nos leva a crer que já não está a resultar. Felizmente, lentamente, medidas estão a ser adotadas, porque se assim não o fosse, o Japão correria o risco de ficar cada vez mais extremista, ou, de acordo com as taxas de natalidade, de se extinguir.

Fontes:

Notícia sobre a alteração das notas das mulheres no curso de medicina (inglês, 2018):

https://www.theguardian.com/world/2018/aug/08/tokyo-medical-school-admits-changing-results-to-exclude-women

Notícia sobre a primeira lei LGBT no Japão (inglês, 2023):

https://www.hrw.org/news/2023/07/12/japan-passes-law-promote-understanding-lgbt-people

Estatísticas Japão 2022:

https://www.gender.go.jp/english_contents/pr_act/pub/status_challenges/pdf/202205.pdf

Estatísticas Japão 2023:

https://www.nippon.com/en/japan-data/h01713/

https://www.imf.org/en/Publications/fandd/issues/2019/03/gender-equality-in-japan-yamaguchi