Desafios e implicações das consultas médicas breves. Por Meraldo Zisman

DESAFIOS E IMPLICAÇÕES DAS CONSULTAS MÉDICAS BREVES

(REPENSANDO O TEMPO NA SAÚDE BÁSICA)

Na atualidade, um grande desafio na área da saúde é o tempo dedicado às consultas médicas. Comumente, os profissionais da medicina dispõem de meros 18 minutos por visita, dificultando a abordagem completa das possíveis orientações preventivas e terapêuticas.

A área de saúde básica é crucial para o sistema de saúde, pois ajuda a prevenir enfermidades e a tratar doenças de maneira eficaz. Isso contribui para evitar enfermidades graves e aprimorar a qualidade de vida das pessoas. Tem também um impacto significativo na sustentabilidade e eficácia do sistema de saúde, em especial com relação às crianças e aos idosos.

DESAFIOS ************

Na atualidade, um grande desafio na área da saúde é o tempo dedicado às consultas médicas. Comumente, os profissionais da medicina dispõem de meros 18 minutos por visita, dificultando a abordagem completa das possíveis orientações preventivas e terapêuticas. O crescente número de pessoas em busca de auxílio para a sua saúde amplifica a luta dos médicos para proporcionar a atenção necessária.

Tanto pacientes quanto médicos anseiam por mais tempo, visando estabelecer diálogos mais profundos. A relação entre consultas rápidas e a qualidade do cuidado gera inquietações, já que encontros breves podem levar a decisões precipitadas, especialmente em situações complexas, independente mente da faixa etária, resultando em prescrições inadequadas de medicamentos. Apesar de não haver estudos aprofundados sobre esse assunto, nossa pesquisa, que se baseou em dados de registros eletrônicos de saúde de pesquisadores de países mais avançados, revelou conexões relevantes.

Consultas mais longas estão associadas a uma menor incidência de prescrições inadequadas de antibióticos, o que indica que um tempo maior pode capacitar os médicos a tomar decisões mais acertadas. Porém, com o tempo, as pessoas estão deixando de tomar remédios como opioides e benzodiazepínicos e as prescrições inadequadas estão aumentando, para todas as idades.

A complexidade se acentua ao considerarmos a condição socioeconômica dos pacientes. Identificamos que indivíduos desprovidos de planos de saúde têm consultas mais curtas, suscitando preocupação quanto à equidade no acesso ao tempo médico.

Essas constatações mostram a necessidade de reavaliar como o tempo é empregado na saúde básica, que compreende os serviços fundamentais oferecidos à população, com foco na promoção, prevenção e tratamento da saúde. No contexto brasileiro, tais serviços integram o Sistema Único de Saúde (SUS), que desempenha um papel essencial como base do sistema nacional de saúde, visando proporcionar cuidados acessíveis e integrados. Porém, é imperativo buscar equidade na distribuição do tempo e estar atento a possíveis preconceitos nas práticas médicas. Além disso, é crucial buscar formas de aprimorar a atenção à saúde, considerando especialmente o significativo número de pessoas com mais de 60 anos no Brasil, que atualmente ultrapassa 30 milhões.

Discutir essas questões não apenas fomentará uma abordagem de saúde mais abrangente e integrada, mas colaborará para a construção de um sistema de saúde mais resiliente e adaptado às exigências da sociedade contemporânea e às modificações demográficas que ocorrem aqui e em outros países em desenvolvimento.