O risco da tolerância com pessoas violentas

O risco da tolerância com as pessoas que possuem algum grau de psicopatia violenta

Por Márcio De Ávila Rodrigues

Fev.2023

Há alguns anos eu tive uma experiência bem educativa sobre os riscos e consequências de atos de violência na sociedade.

Aconteceu em minha cidade-base, Belo Horizonte, há pelo menos 30 anos. Eu estava num ônibus que se dirigia à noite para o bairro Sion e entre os passageiros havia um homem de cerca (ou pouco mais) de 30 anos que, da janela, provocava pessoas que caminhavam pela rua ou estavam nos carros que paravam ao lado, nos semáforos.

Alguns passageiros, pensando estar solidários ao provocador, se divertiam abertamente com a situação. Mas, em determinado momento, este os transformou em alvos, e passou a provocá-los e ofendê-los. Amedrontado, o pequeno grupo passou pela roleta e saiu do ônibus, em clara fuga.

O passageiro agressivo continuou com o mesmo comportamento até que o motorista parou bruscamente em frente a uma delegacia de polícia e desceu para prestar queixa. Os policiais chamaram o passageiro para uma conversa com o delegado e o ônibus seguiu o trajeto normal.

Foi um episódio que gravei bem, pois me ajudou a entender - pela força do exemplo - o risco da tolerância com as pessoas que possuem algum grau de psicopatia violenta.

Elas até parecem ser úteis aos propósitos de quem quer subverter alguma ordem, mas à frente sempre se voltarão contra seus (antes) incentivadores.

Sempre seguem a cartilha do escorpião que atacou o sapo que o estava salvando da enchente, e ambos morreram juntos - uma fábula antiga e útil. O escorpião perdeu a vida, mas seguiu a sua natureza. Ele não era capaz de mudar a própria sina.

O exemplo citado vale muito para as disputas políticas mais acirradas, como as que estamos vivendo nos últimos anos. Mas não vou dar exemplos, que cada um faça as comparações mais adequadas.

Sobre o autor:

Márcio de Ávila Rodrigues nasceu em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, Brasil, em 1954. Sua primeira formação universitária foi a medicina-veterinária, tendo se especializado no tratamento e treinamento de cavalos de corrida. Também atuou na área administrativa do turfe, principalmente como diretor de corridas do Jockey Club de Minas Gerais, e posteriormente seu presidente (a partir de 2018).

Começou a atuar no jornalismo aos 17 anos, assinando uma coluna sobre turfe no extinto Jornal de Minas (Belo Horizonte), onde também foi editor de esportes (exceto futebol). Também trabalhou na sucursal mineira do jornal O Globo.

Possui uma segunda formação universitária, em comunicação social, habilitação para jornalismo, também pela Universidade Federal de Minas Gerais, e atuou no setor de assessoria de imprensa.