5a Parte MINHAS PROFISSÕES E TUDO QUÊ FIZ E TENTEI NA VIDA

O meu retorno a Corumbá foi difícil, Após deixar o Hospital de Ribas do Rio Pardo fui para Campo Grande no Hospital Clínica Urge, eu estava mal ainda, não conseguia enxergar direito, estava muito fraco e precisava de muletas para andar, além do tratamento formal passei a usar a chá de Jalapa ou " raiz pulga de Lagarto 🦎" ensinada por índios que vendiam o produto no Mercadão Municipal de Campo Grande, graças ao tratamento e este chá diurético não precisei fazer a Diálise programada, pois o veneno de Cascavel atinge muito duramente os rins da pessoa.

Após 15 dias no Hospital, voltei para minha casa em Corumbá, um ex colega do departamento civil foi levar uma bengala de presente para eu, feita pelos Marceneiros Civis da Marinha de Ladário...A recuperação foi lenta e as dificuldades muito grandes, pois a Chefia da RFFSA não queria reconhecer o Acidente de Trabalho, vários coletas amigos tiveram que fazer um documento escrito e remeter a Direção Sindical e advogados do Sindicato que provaram o fato Acidente de Trabalho em Estação, aliás muitos ferroviários foram vítimas destes acidentes e tivemos até óbitos devido ao sucateamento da RFFSA que servia para reduzir ao máximo o preço da concessão para a iniciativa privada, a funesta e nociva privatização expunha principalmente Agentes, Manobradores, Artificies de Via e Maquinistas a graves acidentes de trabalho, inclusive a morte dos Maquinistas Vágner e Amazonas no ramal Ponta Porã deu-se neste triste contexto.

Após recuperar parcialmente, pois até os dias atuais tenho sequelas, o Sindicato pediu minha liberação de ponto para me dedicar integralmente a Luta pela ferrovia 🚆 e pelos direitos dos ferroviários. A luta foi intensa e não havia espaço de tempo, sequer para voltar a minha vida acadêmica na UFMS, Viajei para Natal, Pernambuco, Rio de Janeiro onde ficava a Presidencia da RFFSA, Campinas e muitos outros locais e cidades e passei a integrar o Comando Nacional Metrô Ferroviário, fomos ao Congresso Nacional várias vezes buscar apoio e o deputado Carlos Santana era um dirigente Sindical e mecânico da RFFSA que nos dava todo apoio e nos levava aos gabinetes de deputados em busca de aliados para tentar reverter o processo de privatização, junto com outros Diretores e Delegados Sindicais fizemos centenas de Assembléias, Reuniões, íamos a rádios, jornais, TVs denunciar o processo vil de privatização, as perseguições aos ferroviários, punições arbitrárias e até demissões que ocorriam, passamos a organizar greves de Resistência e protesto em todo o Brasil e no nosso estado de MS e também Bauru.

Apesar de ser dirigente sindical com estabilidade sindical tive meus direitos cassados pelo governo Collor e outros, fui despejado da casa da RFFSA com a família e mesmo assim continuamos com apoio do Sindicato de Bauru e Mato Grosso do Sul, no período mais crítico toda a Diretoria Executiva foi exonerada pelo governo federal e atuamos na luta Mesmo clandestinos e muitas vezes chamaram até a Polícia Militar para nós tirar dos pátios e Estações e outros locais onde íamos conversar e organizar os ferroviários. Neste contexto na greve de 1990 ao ser levado pela Segurança para a Estação de Corumbá, minha esposa que estava grávida foi a concentração de greve perto da Chave de saída de Corumbá e ao forçarem a saída de um Trem minha esposa acabou atingida e na queda teve ruptura de placenta e viemos a perder nosso filho biológico... Enquanto isso, eu estava detido arbitrariamente na Estação quando um colega chegou correndo e disse, vocês precisam liberar o Manoel Vitório, a esposa dele foi atingida na saída forçada de um Trem...Foi horrível aquele dia, pois me tiraram da concentração da greve, justamente para forçarem um maquinista a sair como Trem e furar a greve sob ameaça grave. O relato deste fato está desde 2005 na Comissão de Anistia, com Outros relatos de graves perseguições e até Hoje março de 2024 continuo pedindo justiça ao Governo federal no processo administrativo 2005.01.49507 , inclusive com testemunhos escritos e relatos de Muitas punições, prisão e perseguições políticas desde o Regime ditatorial.

Apesar de anularem minha demissão política, nunca repararam os danos morais, humanos, saúde, danos profissionais e financeiros aos quais fui submetido. Paralelamente eu fazia militância política e no ano se 1998 fui eleito primeiro suplente de Deputado Federal e após a fatídica Eleição Municipal do ano 2000 para prefeito, fizeram armação para que eu não fosse eleito, fato que tentam abafar até os días atuais, acabei vinte dias depois dessa eleição assumindo o mandato de Deputado Federal, onde tentamos fazer uma CPI sobre a Privatização da RFFSA, mas a base aliada de FHC Conseguiu abafar, pois um processo deste traria a público os graves desvios na privatização e revelaria até processos gravíssimos de corrupção e perseguição de ferroviários em todo Brasil. Os setores neo - fascistas e seus paus mandados nos atacavam muito, mas prosseguimos nossas Lutas no limite, até que por divergir de ações da direção Sindical de Baurú e MS decidi me afastar do Sindicato, Mas ainda assim sigo em Defesa de uma ferrovia digna no Brasil, inclusive com trens de passageiros e game metrôs, entendo que um país de dimensão continental como o nosso é uma aberração não ter ferrovias a altura. Continua no próximo textos, até lá.

Manoel Vitorio
Enviado por Manoel Vitorio em 30/03/2024
Reeditado em 31/03/2024
Código do texto: T8030916
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