“Vê bem se a luz que há em ti não é treva.” (Lc 11, 35)

No meu texto “Senhor, queres que ordenemos desça fogo do céu para consumi-los?” (Lc 9, 54), relatei um assalto blasfematório, dos mais violentos possíveis, contra a Virgem Maria e Jesus Cristo, num chat católico, ocorrido numa segunda-feira à noite, 07 de janeiro de 2008, aproximadamente às 21h.

Qual seria a motivação que leva alguém a cometer tal agressão hedionda?!

Com o surgimento da psicologia, da psiquiatria e da parapsicologia, há uma tendência contemporânea a explicar tal comportamento aberrante apenas do ponto de vista da razão, ou seja, racionalistamente.

Não obstante, há também uma explicação religiosa, que não é incompatível com a racional, desde que não venha de uma religiosidade superticiosa ou errada.

Fé e razão não são contrárias entre si, mas complementares; como demonstrou o Papa João Paulo II em sua encíclica Fides et Ratio, sobre as relações entre fé e razão.

É necessário, portanto, que o caso, acima referido, do ataque blasfematório não seja visto apenas do ponto de vista da razão, mas também da fé, que são complementares, a fim de darmos a devida importância a acontecimentos como esses.

A Revelação bíblica e cristã nos fala da existência e da ação de satanás e dos demônios. Como toda criatura, foram criados bons por Deus; mas, por uma opção livre e radical contra Deus se tornaram maus, como lhes permitia seu ser dotado de inteligência e vontade.

Também dotados de inteligência e vontade, são os homens e, portanto, capazes de fazer opções livres.

Assim satanás e os demônios dependem da adesão livre dos homens às suas propostas funestas.

Ora, a cada dia, somos solicitados a exercer continuamente a nossa liberdade. São muitas as motivações e seres que podem influenciar o nosso livre arbítrio.

Satanás e os demônios são alguns dos seres que podem influenciar nossa liberdade.

Conforme nos advertia João Paulo II, “a edificação do reino está continuamente exposta às insidias do espírito mau. Interessar-se por isso, (...), quer dizer preparar-se para a condição de luta que é própria da vida da Igreja neste tempo derradeiro da história, da salvação (como afirma o livro do Apocalipse, cf. 12, 7).” (Audiência do dia 13 de agosto de 1986)

E conforme o Papa Paulo VI, podemos admitir a atuação sinistra de satanás “onde a negação de Deus se torna radical, sutil ou absurda.” (Alocução “Livrai-nos do mal”, 15 de novembro de 1972)

É, portanto, o caso do blasfemador em foco que, na sua liberdade, se associou ao ódio de satanás e dos demônios à Virgem Maria e a Cristo, tornando-se um cooperador dos espíritos infernais.

Podemos orientar a nossa liberdade na direção do Sumo Bem ou na direção contrária a Ele.

A decisão é sua!

O texto foi escrito por Alex A. Borges que é católico, formado em Letras e ex-seminarista