Uma crônica.

       Quem escreve está sujeito a receber críticas, sejam elas positivas ou negativas. Aqui neste espaço, os comentários sobre nossos escritos  geralmente são elogiosos e dizem respeito mais ao conteúdo emocional do que ao aspecto literário. É compreensível. Embora alguns escrevam bem e outros não, aqui somos iguais, mesmo os que se dizem profissionais. Somos todos desconhecidos do grande público mas exercitamos o nosso direito de querer ser lidos. Vamos aos poucos formando grupos que se lêem mutuamente. Vamos chegando e assuntando, cheirando nossos gambás. Seria muito bom que pudéssemos dar nossa opinião sincera também sobre o que lemos e não gostamos mas isso seria muito perigoso. Quando não gostamos, ignoramos. E assim, aqueles que tem um bom potencial mas ainda não sabem escrever perdem uma  oportunidade de crescimento. Eu, sinceramente, não me importo com a crítica negativa. Pode ser que a princípio ela incomode mas se me leva a buscar um caminho evolutivo,  acaba se transformando em bem.  

         A razão deste artigo foi uma crítica negativa que recebi sobre uma de minhas crônicas. Foi a única crítica negativa que recebi nesses seis meses escrevendo para o Recanto e por isto será inesquecível. Não foi deletada, está lá para quem quiser ler. O autor não é recantista, nunca ouvi falar dele, um perfeito estranho para mim, o que aliás é até suspeito. Chama minha crônica de emaranhado de palavras na qual ele não reconhece o formato crônica. Acusa-me de utilizar recursos que me classificariam como escritora de um texto só ou de poeta sem poesia, que espalha palavras em idas e vindas que acabam onde começam. Retornei através de e-mail pedindo que me esclarecesse qual seria o formato crônica. Fiquei sem retorno, mas eu já esperava por isso. Fui buscar por conta própria o que os especialistas consideram como sendo o formato crônica.

       A minha fonte foi a internet mesmo, através de uma pesquisa via Google. Li vários artigos e aprendi muito. A fonte principal porém foi a Wikipédia, que esclarece que posso reproduzir o que li desde que seja com minhas palavras. Pois então vou tentar passar aqui o que aprendi na teoria. A prática, eu já tinha, mas com certeza vou melhorar conhecendo a teoria. Se alguém que estiver lendo este artigo se interessar em aprofundar, faça o que eu fiz. Vá lá e pesquise, certamente vai gostar.

        A crônica é um gênero literário que é produzido para ser divulgado através da Imprensa: revistas e jornais. Hoje, sua área está mais abrangente. É lida em rádios e emissoras de TV. A internet por sua vez se apossou também do gênero: existem inúmeros sites a respeito e os blogueiros são cronistas respeitáveis. Está de acordo com a origem de seu nome: Cronos = tempo. É passageira, estaria fadada ao desaparecimento total se grandes cronistas não tivessem aparecido e suas obras  fossem preservadas em livros. Como os cronistas  aparecem sempre nos meios de comunicação, ocupando o mesmo tempo-espaço, cria-se um hábito  e entre eles e seus leitores-ouvintes nasce uma relação mais ou menos permanente, que pode ser de amor ou ódio. A vida da crônica é curta pois se inspira em acontecimentos diários. Acontecimentos com que o cronista se depara no seu dia a dia e que, se não tivesse transformado em crônica não teria importância para ninguém. Seriam irrisórios e descartáveis.

          A crônica não é apenas uma informação. O cronista pode brincar com o fato, acrescentar elementos ficcionais ou fantasiosos. A crônica pode ser usada para criticar. Dizem os meus informantes que ela se situa entre o jornalismo e a literatura. E quando se dá ares de grande dama, aspirando a ser literatura, se aproxima do conto e da poesia. O cronista se faz poeta dos acontecimentos do  dia a dia.  Vê o mundo através de sua visão, usa mais a emoção do que a razão para tratar de qualquer assunto. Sua linguagem deve ser simples e espontânea, carregando em si a oralidade para agregá-la a literatura. O cronista geralmente é um crítico da sociedade e muitas vezes faz isso através do humorismo. 

         Copiei em um pedacinho de papel os vários tipos de crônicas mas aconselho a quem se interessar que busque se aprofundar. Aqui na net mesmo.Não vou explicar aqui cada tipo,só suscintamente, o próprio nome apresenta a sua obviedade. Elas podem ser : narrativa ( o eixo é uma história, é a que mais se aproxima do conto. Pode ser narrada tanto na 1ª quanto na 3ª pessoa),  descritiva, dissertativa ( é a opinião explicita do cronista, escrita na 1ª pessoa do singular ou do plural; é mais ligada a emoção do que a razão), humoristíca,lírica (usa linguagem poética e metafórica, seria em minha opinião, aquelas que o Recanto classifica como Prosa Poética) poética ( verdadeiros poemas em forma de crônicas) e reflexiva ( ou filosófica, pois  partindo de um fato corriqueiro e particular busca a generalização).

      Está aí uma amostra. Para quem quiser se aprofundar mais, há muito material de pesquisa. Só me resta acrescentar: É o conhecimento que nos dá segurança. Só fazemos bem feito aquilo que sabemos fazer. E só quando sabemos é que podemos abrir novos caminhos com convicção.  Ou seja, inventar moda.