“Mais tempo de vida” para morrer em corredor de pronto-socorro

Por: Elizabeth Misciasci

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no anual de dezembro de 2007 informou que o brasileiro, esta tendo crescente período de sobrevivência, entardecendo o fenecer, se a causa for natural.

Então, compreende-se que estamos gradativamente, passando por transformações que estabelecem maior expectativa (ou durabilidade) de vida.

Conforme dados estatisticamente divulgados, a idade média de vida em 2005, era de 71.9 anos e em 2006, 72.3, porém, como toda transformação produz efeito, evidente que o fato do brasileiro estar vivendo mais, “a grosso modo” pode-se atestar, ou alimentar a tese de que a qualidade de vida melhorou de forma significativa.

Portanto, o efeito de uma maior longevidade, passa a surtir mudanças que vão diferir nas futuras aposentadorias, pois ficarão mais achatados, levando inegavelmente o trabalhador brasileiro há contribuir mais tempo para ter o mesmo valor do benefício.

Enquanto a expectativa de vida aumenta, piora o fator previdenciário, uma vez que se prevê a redução no valor das aposentadorias porvir.

Segundo especialista, diretamente ligado ao setor, estes dados provam que há uma grandeza de caráter prático inconteste, objetivando e proporcionando qualidade, principalmente na área da saúde de dimensão positiva muito mais elevada e benéfica do que se pressupõe.

Ou seja, se por um lado a Previdência sofre ajuste, por outro, este “ganho de vida” se dá pelos investimentos direcionados a este setor, o que vem proporcionando melhoria na estrutura do órgão, facilidade e rapidez ao acesso do povo aos serviços de saúde, prevenção de doenças, e uma das maiores prioridades da gestão, a vacinação. “Todo este conjunto tem que ser analisado com positivismo,” - complementa o especialista, pois “serve para comprovar que a pasta permanece organizada, oferecendo a população brasileira, a merecida dignidade no que tange a saúde pública”.

De acordo com dados divulgados pelo IBGE, é veraz que as mulheres vivem mais que os homens, ou seja, as mulheres vivem em média 75,2 anos e os homens, 67,6 anos.

Conforme parecer de alguns estudiosos, o menor tempo de vida dos homens em relação ás mulheres pode estar ligado para a maioria do sexo masculino, a um comportamento mais arriscado nas ações do cotidiano, que envolve menor tolerância.

Além de um alto estresse, que envolve competitividade profissional, responsabilidade demasiadamente exagerada, (há casos, que em virtude de herança machista do patriarcado) aflora a sensação de fracasso, para estes, em que a completa necessidade de honrarem sozinhos todas as obrigações e responsabilidades financeiras do lar, é apenas e exclusivamente do homem. Em razão desta concepção, no caso de uma eventual crise, que não supra tais obrigações a “autoridade máxima” da família, pode chegar a sérias seqüelas provocadas pela sensação de derrota, aumentando o índice de problemas cardiovasculares, e outros tantos de ordem emocional.

Segundo alguns pesquisadores, os hormônios femininos da família dos estrogênios, são os responsáveis pela longevidade das mulheres, enquanto que os hormônios masculinos, testosterona, podem encurtar a esperança de vida dos homens. Sem contar outro fator importantíssimo, os Homens brasileiros se cuidam menos, evitam médicos e tratamentos, diz estudo.

Embora a mulher viva mais que o homem, e nós brasileiros “ganhamos mais tempo de vida”, há uma observação muito séria a ser feita, já que a trajetória da taxa de participação feminina no mercado de trabalho acaba refletida, 30 anos depois, na curva de evolução das aposentadorias femininas, aquela tendência do mercado de trabalho tem se reproduzido na composição das despesas do INSS. A Mulher ainda sofre quanto a desproporcional remuneração para exercer a mesma atividade profissional que o homem, em contrapartida, com a mudança no Código Civil, passou a possuir mais obrigações, e sendo hoje, muitas dessas, as únicas mantenedoras familiares, legitimando que qualquer despesa “extra” pode e certamente irá causar transtornos e muito mais dificuldades. Pensando assim, viver mais, seja em virtude da composição hormonal, ou pelas estatísticas, não irá beneficiá-la sob nenhuma hipótese, porém, ter que contribuir mais com a Previdência, tanto sob o ponto de vista econômico, quanto ao tempo trabalhado, será, ou melhor, dizendo, é para o feminil completamente desfavorável. Agora, analisando de forma consciente, mesmo que esta se aposente, não cessa o trabalho, só limita-se ao endereço, pois a mesma, permanece aos afazeres domésticos. E, se for à única a cuidar da manutenção da casa, futuro dos filhos, com a sobrecarga das despesas do lar, tornar-se-á sem sentido “ganhar mais tempo de vida,” se tiver que ‘tentar sobreviver’ com cobradores a porta, contas penduradas na geladeira, ou a falta do alimento na mesa. “Viver mais” ou “ganhar mais tempo de vida” para morrer em corredor de pronto-socorro, pois aposentado no Brasil, dificilmente consegue pagar plano de saúde, para isso, ou acumulou pela vida toda um pé de meia, ou alguém próximo lhe presenteia contribuindo mensalmente com as tais mensalidades.

Neste caso, de nada adianta a ‘quantidade’ “ganhando mais tempo de vida” e sim a ‘qualidade’, “mesmo que se viva menos, porém com a dignidade suficiente”, já é o bastante.

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