PROJETO USINAS, ACABOU?

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Desconfio muito que não! Plano conduzido com tanto interesse, levado com enorme rapidez aos poderes públicos, especialmente ao legislativo, numa busca frenética pela aprovação, esconde muito mais que a simples conformação e aceitação da sua recusa. Anotei grupos econômicos interessados na implantação, ouvi através de várias mídias os argumentos pouco convincentes de políticos e outros de ingênuos gratuitos que se deixaram levar pelo entusiasmo do movimento. Decifrei formadores de opiniões divulgarem suas convicções sem admitir a propagação das contrárias a sua proposta, muito característico de quem está compromissado com o resultado positivo do projeto, com interesses financeiro ou tráfego de influências e dar continuidade aos seus perrengues periódicos, um verdadeiro atestado de sua pequeneza.

Afirmações da maior autoridade de nosso Estado, declarando-se pantaneiro desde o nascimento não condiz com sua cultura, alegando que as usinas não seriam, jamais, hospedadas no pantanal e sim “do lado direito da BR 163”, possivelmente se referindo ao sentido sul-norte. Ora, sua excelência se esqueceu que o projeto não era mesmo implantar destilarias no santuário ecológico, o que seria uma total aberração, uma monstruosidade, mas sim cravá-las na Bacia do Rio Paraguai, situação essa com que sempre encontrou resistência.

Vejamos, assim, o processo de degradação que tal empreendimento iria contribuir e somar, apesar das insistentes informações da avançada tecnologia atual. A Bacia do Rio Paraguai é muito extensa e por isso devo limitar-me, hoje, a insistir na proteção da Bacia do rio Taquari, amparo este que beneficia diretamente a do rio Paraguai, pois aquela é nosso berço, por tê-la em nossa área e por ser um dos grandes formadores do pantanal, a mais extensa região alagada do mundo.

O Rio Taquari já tem grande parte de seu curso degradado, desde sua cabeceira até próximo a sua foz. As suas águas são poluídas constantemente pela ação dos agrotóxicos que escorrem das lavouras e dos pastos. Micro-indústrias de laticínios e processamento de carnes estabelecidas nas cidades de Rio Verde, Camapuã e São Gabriel do Oeste, emitem e despejam dejetos em seus afluentes. Todas essas cidades mais Coxim, Pedro Gomes, Sonora, Alcinópolis, Costa Rica e Bandeirantes não possuem sistema e tratamento de esgoto sendo que algumas se desfazem deles canalizando-os diretamente para os córregos. O sistema de fossa séptica é bastante usado pela população da região que ao mesmo tempo utiliza a água do subsolo para atendimento de suas necessidades básicas, contaminada, inevitavelmente, através do lençol freático, com conseqüências funestas para a saúde pública.

Poderíamos apontar outras tantas informações da situação da região norte do MS, no aspecto da poluição e degradação ambiental, deixadas ao acaso pelos dirigentes (i)responsáveis, porém o objetivo sempre foi mostrar que já temos muitos problemas a resolver na natureza e não precisamos de mais um, especialmente refinarias de álcool e seus canaviais, que notoriamente atendem a muitos interesses políticos e financeiros dos que pouco se importam, verdadeiramente, com a natureza.

Para o desenvolvimento da região, geração de recursos e criação de empregos existe soluções mil, que se abraçadas com todo o apego, empenho, dedicação e interesses recém-demonstrados por defensores de usinas, fariam deste pedaço de solo sul-mato-grossense um oásis regional no nosso chão brasileiro.

Continuemos alerta, muito atentos pois nos dias de hoje não é aceitável de nenhuma forma alvoroços, mazelas e escândalos prejudiciais ao povo, que deixou de ter apenas ao direito de dizer amém e agora defende tudo o que não lhe é apropriado, especialmente quanto à sua terra.

Mas eles sempre tentam, portanto, não posso confiar que ACABOU!

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flavio@imoveisemcoxim.com.br

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FLAVIO DIAS SEMIM
Enviado por FLAVIO DIAS SEMIM em 16/12/2005
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