DESAFIOS DE UMA PRÁTICA COMUNITÁRIA

Durante algum tempo – a partir que comecei a integrar as ações pastorais da minha comunidade – fiquei sem entender o sentido da mensagem contida nas Sagradas Escrituras, quando da intenção de caracterizar o Cristo, relata: “[...] e Jesus falava com autoridade”.

Ora, dizia a mim mesmo: ao que me conste Jesus nunca exerceu cargo de delegado, não foi político rico e influente, nem tão pouco magistrado. Como pode então falar com autoridade? Explico em seguida, permitam-me apenas alguns parênteses:

Devo, pois, dizer-lhes que a vida me colocou no batente (e na militância) um tanto quanto cedo, se olhado pelo aspecto da vivência. Mas como toda ação tem seus prós e contras, uma das coisas positivas desse processo foi já ter conhecido não poucas realidades, além do que cerca nosso município.

Já assisti diversos companheiros que se dizem militantes e lideranças sociais passarem a perna, boicotarem, traírem seus amigos; já vi outros destes pisarem (quase que literalmente) em corregilionários de muitos janeiros, tudo por causa dum “poderzinho” de sindicato, duma associação, ou ainda para serem chamados “coordenadores da comunidade X”.

Vi a imprensa noticiar a ação satânica de um governador que mandara executar dezenove trabalhadores de uma só vez. “Tudo em nome da ordem e da lei!” Já assisti pela televisão um marido de governadora fazer (diz-que) greve de fome, como chantagem para ser candidato à presidente da república.

Os homens de hoje, egoístas e gananciosos, nutrem suas consciências pela sede de ser e ter cada dia mais. O desejo exacerbado do poder e da riqueza, não raro os fez fantoches do sistema. Poucos querem ser soldados, guerreiros, construtores da nova terra...! Mas famintos por serem comandantes, coronéis-chefes e mandatários estão aos montes por aí.

Caros irmãos, Jesus falava com autoridade (agora sim!) porque seus discursos eram testemunhos de vida! Ninguém poderia envergonhá-lo... Suas atitudes estavam sempre coerentes com a fé que lhe dera o Pai Criador.

Falar com autoridade é, por isso, dar testemunho da justiça, da honestidade, da bem-querência... É ser sinal de vida e esperança.

Para os que ainda não as compreenderam (ou insistem em deixá-las de lado), deixo estas certezas: saibam que é rico e elogiável, aquele que sabe amar e perdoar. Tem poder, o que serve aos irmãos. E pode se considerar o primeiro, aquele que se fez menor entre os homens. O sábio, caríssimos, não compete com os outros, pois, assim, ninguém poderá competir com ele!

Ainda que pareçam estar muito longe de nós (acreditem), se pudermos conceber esses valores e atitudes, tão logo falaremos como Jesus, com autoridade.