Banho de Consciência

Banho de Consciência

Armstrong

Diz um velho ditado que "só damos o real valor às coisas quando as perdemos". Dizemos assim quando perdemos a liberdade, nossos entes queridos e até objetos. Neste início do século XXI, em muitas partes do mundo, há lugares onde os seres vivos já não encontram água para a sua sobrevivência. Existem outras comunidades onde já há sinais de alerta sobre a questão da oferta e demanda do mais nobre líquido utilizado pelo homem. Estimam-se que 1 bilhão e 200 milhões de pessoas no mundo carecem de água potável e que quase 2 bilhões não dispõem de adequados serviços de saneamento. Até o ano de 2025, três bilhões e quinhentos milhões de pessoas no mundo poderão estar vivendo em carência de água.

Por outro lado, ainda há quem esbanje água nos seus afazeres diários. Parece que essa forma irracional e inconseqüente do uso da água está associada aos mais nobres padrões de vida. Enquanto na maioria dos países em desenvolvimento as pessoas vivem com até 50 litros de água por dia, nos países ricos o consumo diário está compreendido entre 200 e 1.200 litros. Inúteis parecem ser as campanhas que tentam fazer com que o consumo de água seja feito de forma sustentável, ou seja, gastando-se somente aquilo que se conhece como a recarga de um aqüífero, filosofia fundamental para que se garanta o suprimento de água para as gerações futuras.

Cerca de três quartos do nosso planeta são constituídos por água. Apesar desse volume, 97,47% são de água salgada. Do pequeno percentual restante, constituído de água doce, não se pode contar com 1,74% que formam as calotas polares e os cumes congelados das montanhas. Resta ao homem, portanto, o percentual de 0,79%, do qual 0,03% formam as águas de superfície e 0,76% as águas subterrâneas. Estas, irão aflorar em alguma parte do mundo, dando origem aos rios que alimentarão os oceanos. As águas dos oceanos, evaporadas, formarão as chuvas que precipitarão para formar as águas superficiais e subterrâneas. Esse fenômeno é conhecido como Ciclo Hidrológico, responsável pela renovação da água que precisamos para viver

Como as águas de superfície já não conseguem abastecer as populações, fato agravado pela poluição e pelo desperdício, o homem volta-se para o último reduto: as águas subterrâneas. Somente no Brasil, estima-se a existência de 200.000 poços tubulares que captam águas subterrâneas. Como o volume de água captado pelos poços tem crescido nos últimos anos, a natureza já não consegue produzir o que é retirado. Assim, os níveis de água nos aqüíferos subterrâneos têm baixado a níveis preocupantes, com risco de invasão da água salgada dos oceanos. Parece que é o fim.

É preciso, portanto, que se estudem dispositivos que permitam o consumo mínimo de água nos afazeres domésticos. O Fogão a Gás nos ensina que por um pequeno orifício pode passar o mínimo de combustível para se ter a chama ideal. Pode-se fazer o mesmo nas torneiras das Pias de Cozinhas e Lavatórios, nos Vasos Sanitários e nos Chuveiros. Tubos e Conexões de 1/4" conectados a ferragens inteligentes, por exemplo, podem ser fabricados e usados na Construção Civil para que o homem possa, enfim, tomar um banho de consciência, evitando transformar a água, que foi o berço de sua vida, em seu leito de morte.