Teatro de Máscaras Noh

Considerada uma espécie de entidade sagrada pelos principais expoentes do teatro japonês, a máscara de noh é o principal elemento das peças originalmente criadas para entreter os samurais. Dão vida a personagens luxuosamente trajados, criados em meados do século 14 Atraindo ainda um público fiel e fascinado pela beleza dos espetáculos.

As máscaras de noh são muito respeitadas pelos atores japoneses. Eles se reúnem no camarim, antes do ínicio de uma peça, para realizarem rituais de saudações. Conforme a tradição, o espírito dos deuses se apoderam do corpo do ator no momento em que ele coloca a máscara e entra no palco.

O noh ganhou ares dramáticos dois séculos antes de Zeami e seu pai Kan-ami mudarem definitivamente a história do teatro. Antes deles, as apresentações eram acrobáticas, de influência chinesa que se tornaram populares entre os japoneses.

Hoje são três os elementos que caracterizam o Noh: a música, a dança e as máscaras de madeira ou papel maché. Esses acessórios são tão importantes que, geralmente, seu feitio fica restrito a um único artesão. Quando muito, abre-se uma excecão permitindo que sejam elaboradas peças extras para colecionadores.

Embora não sejam esclusivas do noh (são usadas ainda em inúmeras danças japonesas), as máscaras representam pessoas, demônios, divindades e animais. Entre as figuras humanas, as mais populares são a do velho Okina e do cômico Hyottoko. A mais enigmática é da mulher Okame com um ambíguo sorriso no rosto.

A música que caracteriza as peças de noh também é bem peculiar. Ela é capaz de dar dramaticidade exata aos movimentos do ator em cena. Chamada de nahgaku (música de noh), a parte instrumental é simplificada ao extremo. Toca-se apenas uma flauta de bambú e três pequenos tambores do tamanho de um pote. Encarregam-se do vocal um coro de cantores que narram a história e entoam cantos ao longo da apresentacão.

As peças do noh, durante muito tempo foram encenadas ao ar livre. Para depois serem montadas em lugares fechados. O maior espaço é o Teatro Nacional de Noh, em Tokyo, que também administra aulas. Invarialvelmente os espetáculos ocorrem em enormes palcos construídos no centro do teatro, feitos totalmente de madeira.

Noh sempre foi uma arte de classe privilegiada sobreviveu as custas do apoio da aristocracia japonesa. Ainda hoje continua sendo um programa privilegiado, que atrai principalmente o público mais velho. Pensa-se em reverter essa situação com grupos de noh formados exclusivamente para divulgar a arte entre os jovens. Uma filosofia vista quase como um dever em favor da continuidade da tradição.

Os temas estão freqüentemente relacionados a mitos e histórias que mesclam sem nenhuma oposição, a filosofia budista e xintoísta. Muitos deles retirados de poemas e contos medievais. Ao som da música pausada, o ator aparece em cena vestido com o Kasa - roupa japonesa adornada por estampas finas e luxuosas, que fazem parte do figurino Não é apenas o intrumental e o cânticos dos músicos que tornam a peça dramática. Boa parte da tensão é repassada pelos próprios tejeitos do ator. Cada gesto é treinado durante meses, anos, até chegar a perfeicão. Um trabalho que exige muita força do artista. O primeiro movimento chamado Kamae, está todo concentrado na força á altura do abdôme. Detalhes como esse fazem com que o ator de noh seja considerado intérprete de uma arte única.

A junção do som metódico, os figurinos ricamente ornados e as estranhas máscaras japonesas, faz com que o teatro mais antigo do Japão prometa continuar em cena, quem sabe, por mais outros 600 anos.

Texto extraído da Revista Made in Japan

Sonia Lupion Ortega Wada e Revista Made in Japan.
Enviado por Sonia Lupion Ortega Wada em 04/03/2008
Reeditado em 03/03/2023
Código do texto: T887402
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