COMO   ESCAPAR DA MORTE 
 
A morte é feia!Dela ninguém escapa,nem o rei,nem o bispo,nem o papa. Mas,eu escapo e vocês ,também 
meus  queridos leitores;basta que nos mudemos para um certo vilarejo,no sul da França,região de Bordeaux,onde o prefeito,proibiu as pessoas de morrer.Quem descumprir a lei do prefeito e cair na asneira de morrer,"sofrerá punições severas."O fato é que já não há mais espaço no cemitério local e quem não possui jazigo perpétuo,está proibido de deixar este nosso mundo e ir para o Paraiso.Na vila moram 260 pessoas,que nasceram e consequentemente um dia terão que fazer a longa viagem para cumprir o ciclo da vida.O proprio prefeito,Monsieur Lalanne,setentão,talvez já tenha até sido escalado ou está em lista de espera;se a chamada para o céu for como a dos nossos aeroportos,o prefeito pode ficar tranquilo,vai levar tempo.O problema lá na França é que o prefeito da região vizinha,PAU,não quer vender e muito menos doar terras para o vilarejo aumentar o cemiterio;então como fazer?cassar o passaporte da morte para impedi-la de entrar no vilarejo?  Prendê-la,se ela se atrever a aparecer?Tenho uma ideia melhor:vamos plagiar Saramago;a morte mandaria aquela famosa cartinha violeta,que ninguem queria receber,avisando o dia ea hora da viagem e o sujeito que recebesse escolheria ir morrer em outra freguesia,como Paris ou Polonia;tambem podia ir para o Iraque,seria um passamento heroico e talvez Bush até fosse ao enterro.A pessoa ainda teria tempo de mudar testamento,xingar a sogra,esmurrar aquele cunhado mala,torrar todo dinheiro no Moulin Rouge,o que quisesse.Quem não está feliz com a ideia é a Igreja,cujo sucesso na terra se deve ao medo do Inferno,que as pessoas têm;na verdade as Igrejas são sócias da morte e dela vivem e faturam;também as funerarias,como iriam viver sem vender todo aquele aparato que cerca a morte cristã?Sem contar que a morte não é besta;haja visto o que sucedeu com um conhecido do meu avô,nos tempos de antanho.A cara,famoso pingunço,recebeu um recado que ia morrer dentro de uma semana;era perto do Carnaval e êle ficou muito bravo,pois ia desfilar num bloco e não estava a fim de se mudar para o Desconhecido.Êle era alto,bigodudo e branco;transformou-se em negro,tinturando o corpo,careca e com o rosto lisinho,sem barba ne,m bigode._"Assim eu engano a danada!"disse êle e como o Carnaval chegou caiu no samba,por pura prudencia,num bairro bem longe do seu.A morte chegou no endereço dele,não o encontrou,procurou na vizinhança,ninguem sabia,então,ela,que era Morte,mas,não era de ferro,saiu pela cidade a ver o Carnaval.Rolava um baile bem gostoso,no suburbio,ela parou para assistir;olhou os foliões,reparou na animação de todos,especialmente num sujeito careca,que pulava e dançava,numa euforia sem par.Cansada,ela disse consigo:não vou voltar de mãos abanando,não achei o cara,mas,vou levar este careca,fantasiado de arlequim.Era o cara.                                           

Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 06/03/2008
Código do texto: T889355
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