O Rei da Vela: Ensino de História e Teatro (Cristiano Rios da Silva)

O texto inicia com uma afirmação do autor sobre o interesse cada vez mais crescente de acabar com o que ele denomina de uma das “características mais negativas da pedagogia tradicional”. Pedagogia essa, calçada na negação da individualidade do aluno durante o processo do ensino aprendizagem. Ou seja, as verdades são apresentadas já construídas sem a participação do estudante, que afastado dessa construção, apenas se vê obrigado a aceitá-las e a elas se submeter.

No decorrer da leitura o autor se refere à cultura, como sendo próprias de cada grupo, haja vista, serem eles bem diferenciados entre si na sociedade moderna. E, por essa razão, a própria forma de cada grupo conduzir a vida dos seus membros é que se caracteriza, antropologicamente falando, de cultura. No entanto, as elites dominantes costumam considerar as sociedades populares como “subculturas”. Isto que dizer que não existe dialogo entre as diversas culturas, mas predomina nessa relação de poder, o monólogo. Para a classe dominante não interessa a cultura das classes consideradas por ela “inferiores”. Precisam sim, obedecer aos moldes das culturas “civilizadas” e a elas adequar-se.

É importante ressaltar, e isto fica claro no texto, que um método de ensino não possui de fato, o poder de modificar uma prática social, no entanto, apresenta a aplicação de um método que poderá facilitar a comunicação na relação entre aluno e professor.

A capacidade de se comunicar através da escrita, determina para as classes popular dentro do contexto escolar, certa discriminação, isto porque, a cultura das camadas populares não estando baseada na escrita, acaba figurando como deficiência cultural. Esse texto tenta desmistificar essa crença elitizada, oportunizando para o processo educacional a arte teatral, como uma boa forma de sentir e expressar sentimentos e principalmente expressar para o indivíduo aquilo que o inquieta e o provoca.

No entanto, a linguagem e a comunicação oferecidas pelo teatro, devem ser apropriadas tanto pelo aluno, como pelo professor. As diversas fontes historiográficas devem ser utilizadas como recurso didático e não só o livro deve se manter como o rei absoluto do discurso historiográfico, pois assim sendo, não haverá lugar para as dúvidas, as problematizações, aliás, tão imprescindíveis para a aquisição do conhecimento!

O texto teatral O Rei da Vela de Osvald de Andrade, retrata a sociedade de 1930. É uma rebeldia, digamos assim, contra a cultura do passado e uma aversão ao capital estrangeiro, ou seja, ao dinheiro americano o qual costumeiramente o burguês brasileiro dependia. Refletem, também, as condições do Brasil nessa década, especialmente o Rio de Janeiro e S.Paulo, suas crises e relações.

A vela é associada à morte pessoal, coletiva, morte histórica de uma determinada classe. É um simbolismo que retrata o subdesenvolvimento e desnuda o abastado burguês brasileiro.

Trabalhar com o cotidiano no ensino de História é um dos importantes objetivos desse texto, visto que a peça ao ser encenada, possibilita para todos os participantes a mistura de linguagens, à volta ao passado, com reflexões no presente, conceitos e uma série de práticas educativas que poderão ser utilizadas no processo do ensino aprendizagem no contexto da sala de aula.