O T.O.C. QUE INCOMODA

Questões abordadas:

- Quando um hábito deixa de ser um simples hábito e passa a ser uma compulsão?

- A compulsão é um comportamento? Qual a diferença entre compulsão e vício?

- Quais os tipos de compulsões mais recorrentes em mulheres?

- As compulsões são conseqüências de ansiedades?

Ao realizar suas tarefas, o ser humano, íntuitivamente, busca gastar o mínimo de energia. Com isto acaba adquirindo hábitos repetitivos, que passam desapercebidos, não causando desconforto. Muitos destes hábitos podem se incorporar ao sistema de vida individual, sem aperfeiçoamentos por anos. Os que agem de forma diversa, podem crer que estas pessoas são “maníacas”.

Cabe aqui lembrar que o termo mania, significa euforia exagerada, com projetos, que muitas vezes, não podem ser concluídos, de tão irreais.

Afora estes hábitos inocentes, costuma surgir o T.O.C. – Transtorno Obsessivo, onde idéias persistentes (obsessivas) e/ou atos compulsivos recorrentes, são a constante.

Conceituando, a obsessão pode ser entendida como uma idéia fixa, que invade a mente, é persistente ou recorrente, angustiante e mesmo sendo percebida como absurda, repugnante e não desaparece.

A compulsão surge sob forma de rituais, onde o indivíduo tem que executá-los, para aplacar sua ansiedade, diante da idéia obsessiva; não são agradáveis, nem resultam em tarefas produtivas, úteis, mas criadoras de ansiedade.

A compulsão é verificada em vícios, hábitos alimentares, rituais de limpeza, medo às doenças, atitudes de conferências repetidas, sempre demonstrando insegurança, medo de errar.

Nas mulheres as principais são os transtornos alimentares, com falta de alimentação crônica, ingestão de alimentos em excesso (com posterior crises de vômitos, uso de diuréticos e laxantes), cuidados com o corpo, que nestes casos se tornam esqueléticos, onde às vezes, elas sequer ingerem saliva, para não ganhar peso; são comuns também os rituais de conferência (portas, gás, estado de saúde dos filhos, limpeza, principalmente as mãos e a cabeça = telhado sujo).

A forma de diagnóstico do T.O.C. se faz com a observação dos seguintes sinais e sintomas, existentes por pelo menos duas semanas seguidas, sem sinais importantes de depressão:

1. São pensamentos ou impulsos criados pelo próprio indivíduo;

2. Deve haver pelo menos um pensamento ou ato que é resistente, sem sucesso, embora possam existir outros, que o indivíduo não consegue mais resistir e passa a fazê-los automaticamente;

3 . O pensamento de execução do ato não deve ser em si prazeroso, onde o simples alívio de tensão ou ansiedade não é, neste sentido, considerado como prazer;

4. Os pensamentos, imagens ou impulsos devem ser desagradavelmente repetitivos.

O T.O.C. é considerado um transtorno resultante da ansiedade.

A cada nova sobrecarga de exigências sócio-profissionais, que ao indivíduo são impostas, para pressioná-lo a agir, sem a agir sem a percepção da cobrança exagerada, a sociedade incute a idéia do erro inadmissível. Isto tende a gerar cada vez mais quadros de T.O.C., que é o que tem sido detectado. A principal razão se deve ao fato, de que o aprendizado é resultado de tentativas de acerto, produtoras de erros, que levam ao aperfeiçoamento das idéias, rumo à simplificação, ao correto experimentado e consagrado. Quando se exige a realização de tarefas, onde o erro é proscrito, surge a contradição ao “É errando que se aprende!”, embutido, por experiência, em nossas mentes.

As empresas modernas, sobretudo as multinacionais impositoras, estão dando preferência às mulheres em suas contratações, pois elas aceitam melhor e com mais resignação esta forma rígida, em sua grande maioria. Além do que, são mais intuitivas que os homens, que precisam provar sua competência, como forma de auto-realização, não como forma de satisfação, paixão pelo que fazem.

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Márcio Funghi de Salles Barbosa

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