Igreja - Restaurando a Rota 2

Como disse no texto anterior a rota, o traçado original, o propósito central de sua existência, foi contaminado pelo desvio de foco da igreja no correr dos tempos. A igreja, chamada para ser católica( universal, presente em todos os lugares e em todos os tempos), apostólica ( construída sobre a doutrina apostólica), Cristã ( fundamentada em Jesus Cristo), tornou-se romanizada e paganizada, e por isto mesmo desprovida do foco.

Na realidade havia uma promessa da restauração de todas as coisas, preconizada e profetizada por Lucas, ao escrever os Atos dos Apóstolos, no capítulo 3 e verso 21, no qual diz – “21 ao qual convém que o céu receba até os tempos da [restauração] de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio.”

Antes do retorno do Senhor à nossa terra, há de se dar uma restauração de todas as coisas, uma cura, um mover de retorno ao primeiro amor e às primeiras motivações. Isto não significa um retrocesso cultural, uma seqüência de passos para a regressão conceitual, mas um rever de conceitos e valores, um reajustar de rumos, a fim de que o propósito original e eterno de Deus seja alcançado.

Na realidade, desde os tempos do Gênesis, a obra da restauração estava em curso e o advento da Igreja fazia parte de sua continuidade. Digo isto porque no estado original, como o homem foi criado, foi criado com potencial de governo, de domínio, de gerência e influência. No entanto, o que a Bíblia chama de queda, e que muitos não admitem, é que este homem,levado por um sentimento de independência de Deus e ganância, sucumbe ao mais simples teste de seu livre arbítrio, deixando a imagem e semelhança de Deus e abraçando-se a uma identidade fraca e dominada pelos impulsos de momento. Aquele que foi criado para liderar submeteu-se a Lúcifer e suas insinuações contra o caráter de Deus, fato bastante para gerar dúvida no coração humano e levá-lo a agir por si mesmo, inconsequentemente. A queda se deu neste nível, da perda da liderança e da perda da intimidade com Deus.

Objetivamente, a partir disto Deus começa a operar a restauração, e o faz didaticamente, desde o gênesis. Ali, algum animal inocente, provavelmente um cordeiro, morre para vestir o homem e a mulher. O derramamento do sangue inocente servindo como elemento de restauração da dignidade do homem.

Este homem, apesar de revestido da pele e perdoado, passa aos seus descendentes um estado conhecido como natureza pecaminosa, uma patologia espiritual transmitida através do “DNA” da alma, advindo daí que as gerações posteriores teriam sobre si este estigma de pecadores.

Os descendentes, contaminados por dentro, estimulavam-se externamente para os melhores feitos, mas os princípios e valores presentes no édem já não se constituíam em prioridades comportamentais. Exemplo disto foi a inveja e insegurança espiritual que trouxeram ao coração de Caim, filho de Adão, a infeliz idéia de assassinar o seu irmão Abel. Os traços desta realidade também se observaram na geração diluviana, que sucumbiu às águas, e expressou ainda sua força na atitude de Noé ao embriagar-se e em seu filho Cão de divulgar a sua nudez.

Deus planejou uma nova geração em Noé, mas o mesmo não pode gerar uma descendência livre do pecado e de suas conseqüências. Deus iniciou então um projeto novo com Abrão, e este viria a originar a Israel, que abençoaria a todas as famílias da terra. No Egito antigo, após 430 anos de escravidão, Deus move suas mãos para desatar os seu plano restaurador por intermédio do estabelecimento de Israel como nação tirando-os do Egito com uma constituição nacional estabelecida, a fim de preservar princípios e valores que trariam ao mundo o Messias, o Restaurador definitivo.

Israel falhou em reconhecer o tempo da sua visitação e em viver a sua vocação. Então, na plenitude dos tempos, Deus enviou a sua promessa, o messias, Jesus (YESHUA), o qual tinha a missão de gerar uma nova geração um novo tempo, um novo pacto.

Assim nasceria o tempo da chegada do Reino dos Céus, como nos advertia João Batista e o próprio Jesus. A igreja teria a missão de estabelecer o Reino, o governo de Deus, não uma organização religiosa ou política. Por este motivo o discurso de Jesus inquietava os líderes religiosos judaicos e os líderes políticos, porque a mensagem do reino iria desestabilizar muitas relações iníquas.

A Restauração proposta por Jesus Cristo, o Messias, iria mais longe do que um princípio revolucionário para livrar Israel das garras de Roma. Iria mais longe do que as avaliações externas da lei sobre as condutas pecaminosas do ser humano. Em Jesus o machado está posto à raiz da árvore, no âmago de cada um de nós. Esta deveria ser a mensagem do Reino anunciada pela Igreja, e aqui a igreja precisou, e ainda precisa de restauração. Continuaremos com esta reflexão no próximo texto.