A Eloqüente Lição da Natureza

Geralmente temos uma dificuldade muito grande para aceitar discursos positivistas. O que se dá por várias razões e aqui analisaremos uma delas à luz da razão.

Trazemos conosco imensa bagagem de acertos e equívocos. Nosso subconsciente está impregnado de experiências que nem sempre foram positivas. A imagem da barbárie está ali gravada, e vez ou outra parece querer sair, ensinando-nos que a evolução não dá saltos. E isto faz com que nos sintamos às vezes como uma moeda, que tem duas faces, o bem e o mal.

Podemos comparar nosso cérebro a um castelo de três andares. No primeiro andar, onde reside o sistema nervoso, é a sede de nossas atividades subconscientes, onde estão arquivadas todas nossas experiências, desde os menores fatos. No segundo andar, na região do córtex motor, zona intermediária entre os lobos frontais e os nervos, temos a parte do cérebro que sintetiza as energias necessárias para nossas conquistas atuais. É onde reside o consciente. O terceiro andar representa a parte mais nobre deste castelo. É onde fica o Superconsciente, onde estão escritas as leis divinas. As metas superiores aí estão em forma de germe esperando para desabrochar.

O pai da psicanálise, Sigmund Freud, vislumbrou estas verdades, identificando o subconsciente como Id, o consciente como Ego, e o Superconsciente como Superego, mas limitou o Id a um reservatório de experiências que temos desde o útero materno e o Superconsciente a um guardião do certo e do errado, subordinado a ética da época em que vivemos.

Temos então em nós o passado o presente e o futuro.

Passamos, muitas vezes, passamos por experiências negativas, conseqüências do nosso livre arbítrio. No entanto, através da lei de ação e reação, sofremos as conseqüências destas escolhas. E por isto carregamos no subconsciente uma bagagem de medo, pessimismo, revolta, entre outros itens que torna nossa caminhada evolutiva muita pesada. E o Superconsciente, esta sentinela a serviço da evolução, está sempre nos alertando de nossos erros. E, por isto, muitas vezes o remorso nos invade. Sentimos que nossa vida está sem sentido, vazia, ainda que tenhamos uma condição financeira confortável, que estejamos rodeados de pessoas.

E à medida que buscamos o conhecimento esta sentinela ganha mais força, vai despertando. E por isto Jesus nos alertou: conhecereis a verdade e ela vos libertará.

Vemos então que o progresso é uma lei universal. Não somos uma mescla do bem e do mal. Fomos criados simples e ignorantes e passaremos por múltiplas experiências para que possamos valorizar e contribuir na obra do Criador Supremo. Santo Agostinho mostrou conhecer esta realidade quando escreveu que é preciso conhecer o mal para fazer o bem.

Diante desta fatalidade, o progresso, podemos apenas escolher entre aprender pelo amor ou pela dor. E embora os profetas do apocalipse insistam em anunciar o fim do mundo. Embora eles não cansem de gritar em alto e bom tom que a vida não tem sentido, nós convidamos os amigos a observarem que a marcha da natureza não para por isto. E como disse Shakespeare, não há grande noite que não chegue o dia. Depois de toda tempestade o sol brilha triunfante. E os mundos surgem e desaparecem no universo, sendo destruídos aqui para renascerem acolá, escrevendo em toda a parte a verdade que o químico Lavoisier já conseguiu ler há muito tempo: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma".