TERAPIAS ALTERNATIVAS

"Defendo com todos os argumentos, os direitos das pessoas terem suas convicções.

Só não esperem que eu tenha estas mesmas crenças." (MFSB)

"A Ciência ainda há de nos pregar muitas peças", disse-nos um professor na faculdade de medicina. Foi ele que nos mostrou ser a medicina uma ciência empírica, não matemática, mas próxima da lógica, uma vez que alicerçada na estatística e na observação metodológica.

Somos ainda muito ignorantes, mas o progresso é inevitável, assim como as reavaliações, muitas vezes, nos mostram caminhos diversos, dos que seguíamos.

Se o caminho mais curto entre dois pontos é uma reta, porque às vezes andamos em círculos ou ziguezagueando? A resposta que se nos afigura, é: "isto ocorre, porque não temos toda a informação ou a segurança desejada, para aquela empreitada".

Sempre que nos falta a segurança, buscamos onde nos leva a nossa imaginação, a nossa fantasia, o nosso preconceito, em síntese, a nossa desinformação.

Exatamente por não saber-se perfeita, a medicina é obrigada a reconhecer o efeito placebo, onde a crença em determinada cápsula de amido, pode fazer milagres. Este efeito placebo, não está associado apenas aos efeitos terapêuticos do amido, ou à composição gelatinosa da cápsula, mas a diversos fatores, como a carência afetiva da pessoa, sua necessidade de ser ouvida, protegida, amada, observada e assim por diante. Negar este efeito, seria o mesmo que negar os efeitos da fé, que levaram a humanidade a atingir crescimentos, apesar dos autos e baixos com que se move.

Assim, a medicina reconhece a homeopatia, a acupuntura e não faz carga contra os especialistas de outras terapias.

Assim terapeutas holísticos, intermediadores e analisadores da ação dos anjos, dos gnomos, dos santos, das entidades outras, podem levar o indivíduo a encontrar-se e tomar uma decisão acertada, sobre seus rumos e se curar.

A hipnose, por exemplo, pode servir em anestesias ou tranquilizações em determinadas intervenções e Freud usou no início dos estudos da psicanálise este método. Ele levava aos submetidos à hipnose a tentarem buscar em seu subconsciente uma explicação para seus medos e fobias, e acreditava, no início, de que a hipnose poderia levar à cura das chamadas "neuroses". Com o passar do tempo, viu que a rememoração do escondido, nos estratos profundos da consciência, forçava a uma função: fazer com que o indivíduo recordasse fatos ocorridos, que foram propositalmente esquecidos, pois ao acontecerem, haviam magoado ou colocado em insegurança o seu estado de ânimo.

Mais tarde, com o caminhar de suas pesquisas, viu o psicanalista, que a melhora em seus pacientes, era definitiva apenas, quando conscientes, eles eram levados a reforçar seu eu, sua imagem e com isto, sentirem-se fortes, para buscarem as causas adormecidas intencionalmente.

A estes acontecimentos assustadores, Freud chamou de traumas e mostrou que, enquanto se tornavam inconscientes eles ficariam criando barreiras ao pleno crescimento pessoal. Torná-los conscientes à força da hipnose, seria o mesmo que invadir a privacidade do cidadão.

O certo, segundo ele, seria acabar com as resistências do ego do cliente, mostrando-lhe que todos estamos num mesmo barco de erros e acertos e que fingir ser perfeito, era o caminho mais fácil, para a limitação do crescimento, pois acabaria criando um estado de alerta fatal aos erros, com a formação de uma personalidade intolerante, com tendência ao embuste e consequentemente, a um auto-controle exagerado, ou pelo contrário, muito superficial, racionalista.

A medicina nos aponta para a necessidade de não haver a mistura de fé com a hipnose, criando logros, como a "análise de vidas passadas", ou as "regressões sugeridas", falsas como uma nota de 30.

O uso inadvertido da hipnose, pode gerar problemas graves, como o que já relatamos em diversos artigos e entrevistas. Certa vez um neurologista, "excelente hipnólogo", recebeu um cliente, que relatava estar há alguns dias, com uma paralisia no braço direito, estranha, pois tornara o membro fletido sobre o peito, não conseguindo movê-lo. Ao contrário de analisar as causas do sintoma, o médico fez um exame neurológico, concluiu que não existia causa orgânica para a flexão e resolveu hipnotizar o cliente, dando-lhe como ordem hipnótica, para que ao despertar este não tivesse mais a paralisia. O mesmo acordou em aparente calma, pagou pelo trabalho e como não tinha mais a paralisia, ao chegar em casa, suicidou com um tiro na boca, pois tinha problemas financeiros sérios e a paralisia tinha sido criada pelo seu inconsciente, para que não suicidasse.

Cremos que praticamente todo psiquiatra bem formado, deva conhecer como funciona a hipnose. Cremos que muitos deles já se aventuraram a aplicá-la em algum cliente no passado. Mas como Freud, que cometeu também muitos erros, perceberam que não devem ridicularizar ou invadir a mente de seus clientes. Mesmo que ele peça, pois não tem a consciência do que virá à tona, podendo causar danos ao cliente, se o "hipnólogo" não entender profundamente, como tratar, terapias atribuídas a médicos e psicólogos analistas.

Hoje em dia, usa-se como opção de consenso, a Terapia Cognitivo-Comportamental, que como o nome sugere, busca levar aos clientes o conhecimento do porquê do comportamento, que o incomoda. Curta e objetivamente.

Nós cremos nisto e defendemos o direito de qualquer pessoa, de discordar desta opinião. Mas com certeza, esperamos que as pessoas assumam a responsabilidade por suas crenças e práticas. Isto se torna possível, se souberem o que fazem, lucidamente.

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Marcio Funghi de Salles Barbosa

pergunteaodoutor@drmarcio.com