O Termômetro

Tudo que sei é que nada sei.

Que Sócrates me perdoe a falta de originalidade. Mas entre pessoas tão sábias, talvez o melhor seja me precaver de falar besteiras, ainda que para isto se faça necessário usar velhas citações de sábios consagrados pelo tempo. Aliás, este Senhor, o tempo, é o único que tem sido capaz de julgar com sabedoria. Nada como saber esperar.

E enquanto ele passa vamos rindo dos filósofos de botequins. E perguntando o que esta filosofia acrescenta na vida prática. Aliás, estar com a razão acrescenta alguma coisa? Ganhar uma briga faz ganhar também um inimigo. Isto é fato.

Pior que discutir por orgulho bobo, apenas para não dar o braço a torcer, é acreditar realmente que se está sempre certo. É olhar para o semelhante e esquecer-se que este é seu semelhante.

Ou acreditar que seus anjos guardiões são os melhores, seus guias espirituais os mais iluminados. E ainda ter a pretensão de se dizer humilde. O que soa muito engraçado, já que quem é humilde nem pensa nestas coisas.

Hoje dá medo até de contar um problema, que já aparece alguém competindo, querendo mostrar que seu problema é maior. As rodas de bate papos já não são mais atrativas, não tem a simplicidade que dava a elas o título de “jogar conversa fora”.

Competimos em tudo, nos esquecendo que nosso maior problema, nosso maior obstáculo a nossa felicidade, assim como a chave desta porta, somos nós mesmos. Somos nós o inimigo contra o qual devemos lutar, nos colocar em guarda, mas sem nos esquecer que o Filósofo do Amor que viveu há mais ou menos 2.000 anos em Jerusalém recomendou também amar os inimigos.