O Ser Humano e a Felicidade

O SER HUMANO E A FELICIDADE

O ser humano é um verdadeiro microcosmo, onde fenômenos formidáveis acontecem uns, insondáveis, outros porém não tão insondáveis, pois podemos percebe-los e, até apalpá-los

Poderíamos comparar a vida física do ser humano, desde seu nascimento até ao extinguir de seu último sopro de vida, ao ano e suas estações – a primavera, o verão o outono e por fim o inverno.

A primeira estação, a doce primavera é o tempo da inocência, ou da inconsciência, ou ainda da formação da consciência - o começo do longo aprendizado para a vida que se inicia: primeiros contatos com nosso pequeno-grande universo visível e palpável.

A segunda estação corresponderia ao tempo do sonho, ainda que esse sonho se limite ao intramuros desse mesmo tempo, onde passado e futuro são coisas inexistentes, portanto distantes do nosso sentir. É esse tempo também o da auto-afirmação e das contradições, da paixão, e com certeza o tempo mais belo e talvez também o mais tolo da nossa existência.

A terceira estação é o tempo de sair para a luta, a batalha pela vida, a cobrança do longo aprendizado, pois nada nos é dado de graça, ou pelo menos assim o é para a esmagadora maioria.

Infelizmente, nesse lapso de tempo, o homem na maioria das vezes dominado pela ambição desenfreada, pelo egoísmo, e pelo desamor que gratuitamente foi adquirindo contra o seu semelhante, pela perda da ternura que deixou instalar em seu coração, torna-se um sisudo, perde a alegria, verdadeira razão de viver.

“Face a tão desagradáveis emoções, que nos são impostas por uma incômoda realidade, a única arma eficaz é a alegria”, afirma Nicolas Go.

“Mas, pobre de nós! Não sabemos mais como manejar este pacífico instrumento. “Não aprendemos a “experimentar a força construtiva da alegria”. Aprendemos, isto sim, a responder às agressões pela violência, pela competição (“você tem que ser o mais forte”), sofrendo em silêncio ou através da própria abnegação (“mantenha os dentes cerrados”)...

A quarta estação da vida é quando, se completa o tempo, a também chamada fase da maturidade do ser humano, a de colher o que plantou. E só colhe quem plantou, e aquilo que plantou...

Para terminar, vale fazer uma pequena reflexão sobre o comportamento do chamado homem moderno. Hoje há a tendência de analisar tudo à luz fria da ciência, ciência que deveria trabalhar para a nossa felicidade, mas que paradoxalmente contribue para que sejamos seres mais tristes e infelizes. À medida que dominamos a tecnologia, vamos ficando mais pobres espiritualmente, materialistas, secularizados.

“Talvez a vida seja um simulacro da nossa vida, um seu efeito geral e ilusório, como qualquer efeito ou conceito?...” Fernando Pessoa.

A filosofia começa a perder espaço e, Deus começa a ser questionado e analisado sob o enfoque da matemática e da física, como se Deus fosse algo que se pudesse explicar apenas à luz da ciência. E, destarte, o ser humano que foi predestinado para ser alegre e feliz, se distancia cada vez mais da felicidade, à maneira que se afasta de Deus.

Eduardo de Almeida Farias

edumendo@gmail.com

8-4-2008

Eduardo de Almeida Farias
Enviado por Eduardo de Almeida Farias em 08/04/2008
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