MULHER MELANCIA E A ANOREXIA.

Vejo agora que a França está lutando contra a anorexia. Logo a França, país que dita a moda mundial em roupas. Na verdade, foi na Inglaterra que surgiu a modelo Tuwig, de extrema magreza, que passou a definir o biotipo para as modelos e manequins. Certamente endeusada por algum costureiro cuja habilidade não ia além de vestir cabos de vassouras. E todos os outros acharam muito prático. Afinal, vestir um corpo reto é fácil. Duro deve ser considerar curvas, detalhes a ressaltar ou a disfarçar. Resolveu-se o problema dos costureiros. E criou-se um problema para as sociedades cuja biotipia feminina não se encaixa no que é considerado perfil ideal.

Ideal para quem, cara-pálida?

Pobres de nossos conterrâneas então. Quadrís largos, coxas grossas, submentem-se a todo o tipo de regime para tentar vestir algo que não foi desenhado/produzido para elas. E a sociedade cobrando. Sem ter idéia do custo pessoal, do sacrifício de dietas etiopanas ou katanguesas, matando nossas meninas.

No Brasil, uma coisa chamada Dança do Créu parece que vem resgatando a abundância da brasileira. A própria bunda. Lindas curvas, depressões enlouquecedoras que a muito estavam disfarçadas - submetidas a regimes famélicos - vem à tona. Para deleite dos nossos olhos. A Garota Melancia. Fora de todos os padrões da alta costura. Fora dos padrões de magreza absurdamente impostos às nossas mulheres, cujo corpo não foi projetado para tal. Ela, a Mulher Melancia, liberou a bunda que abunda. Outras tantas, de largos quadrís, perdem a vergonha e expõe suas curvas. Trazem, outra vez, a Preferência Nacional para a vitrine. Um viva ao funk do morro. Um viva a Garota Melancia. Uma riqueza brasileira sendo resgatada.

Lembrando o poeta, a bunda se basta!