Menino Pêssego

Para: Edson Gonçalves Ferreira

Porque Edson é jovem, sensual, meigo, doce

como o pêssego. Porque é Cultura Nosso-poeta-menino

Momo Taro é um famoso herói do folclore japonês. Momo

é pêssego e Taro, menino. Uma lenda popular intitulada "Menino Pêssego"

A versão atual (Era Edo) é a que relatarei mais tarde...

Uma forma mais antiga, relata que uma velha mulher encontrara flutuando num lago, um gigantesco pêssego, com muito esforço consegue levá-lo para casa, achou que poderia comê-lo no futuro. Ela resolveu comer o pêssego e para sua surpresa, recuperou a juventude, voltou a ser bela e formosa, quando o marido retorna da caçada, não reconhece a esposa. Ela explica o ocorrido e ele também saboreia o delicioso pêssego, rejuvenescido, eles fazem amor, muito amor. Grávida, ela deu a luz a seu primeiro filho, que recebeu o nome de Momo Taro.

Essa é a versão mais antiga documentada historicamente, e foi substituída pela sexless versão em manuais escolares no período Meiji.

Momo Taro está fortemente associado a Okayama, e sua história pode ter suas origens lá. A sensibilidade para assuntos sexuais, foram introduzidos no Japão pela cultura européia e euro-americana, justificando a versão censurada. No Japão o pêssego representa a fertilidade, seu formato lembra um bumbum feminino.

A versão atual atingiu o público infantil, sendo título de vários livros, filmes, peças teatrais e outras obras que retratam a história desse herói.

Escolhi esse tema como uma mostra da transmissão das tradições culturais, apoiadas no patrimônio do passado, preservam sua identidade. Essa transmissão cultural está inteiramente ligada á educação. Os japoneses são considerados os Deuses dos Mangás, e através dos gibizinhos divulgaram sua cultura, influenciando diversas culturas. Qualquer criança japonesa, a partir de 2 anos conhece bem as lendas e seus heróis...

Vamos a versão da Era Edo:

Menino Pêssego

Há muito tempo havia um casal bastante idoso que não tinha filhos. O velhinho trabalhava na roça, enquanto a mulher descia até o rio que corria perto da casa para lavar roupas.

Era um dia especialmente radiante de sol e luz.

A velhinha estava lavando roupas quando, de repente, percebeu algo estranho boiando nas águas. Para sua surpresa, era um enorme pêssego.

––Nossa, nunca vi um pêssego tão grande assim! - Exclamou!

––Vamos, venha para mais perto... - Disse acenando para a fruta.

Como a atender o pedido da velhinha, o pêssego, boiando, aproximando-se dela.

Era realmente um pêssego gigante. Com grande esforço ela conseguiu retirá-lo da água e carregá-lo para casa, mas precisou descansar várias vezes pelo caminho, devido o peso da fruta.

Ao entardecer, quando o marido voltou, também fico admirado:

––Que belo pêssego! Parece uma delícia...estou até com água na boca. Vamos comê-lo?

A mulher trouxe um facão e começaram a dividir a fruta. Mas ao primeiro corte, esta partiu-se sozinha e do seu interior surgiu um bebezinho.

—Deus do céu! Um bebê dentro do pêssego!

––E que lindo garotinho!

Os dois ficaram muito felizes, certos de que se tratava de de um presente Divino.

Decidiram que seu nome seria Momo Taro.

O menino cresceu depressa, forte e saudável. Era a alegria dos pais. Dentre as suas muitas qualidades destacava-se a coragem e o senso de justiça.

Uma noite Momo Taro ouviu conversas sobre Onis (demônios), que atacavam as aldeias, fazendo que muitas famílias perdessem toda a colheita de arroz; isso era muito grave, já que o arroz era a fonte de alimento para a aldeia.

O garoto tomou uma decisão: Iria á ilha dos Onis para combatê-los.

––Filho é muito arriscado - disse o pai assustado com a idéia.

––Eles podem comê-lo inteirinho, são diabos enormes - Concordou a mãe, aflita.

––Não se preocupem, sou mais esperto do que eles. Você poderiam fazer aqueles deliciosos docinhos de arroz: Dango (docinho japonês muito apreciado pelas crianças) para eu levar na viagem?

Os dois, apesar do enorme temor que sentiam, prepararam a massa e fizeram os docinhos adorados pelo filho.

Na manhã seguinte, bem cedo, Momo Taro despediu-se dos pais, levando presos â cintura sua espada e um saquinho cheio de Dango.

Após caminhar algum tempo encontrou um cachorro, que lhe perguntou:

––Momo Taro, para onde vai?

––Á ilha dos Onis, lutar contra eles.

–– O que carrega nesse saquinho preso á sua cintura?

–– Dangos, o docinho mais gostoso do mundo!

–– Não quer me dar um? Assim irei com você.

Momo Taro tirou um bolinho para o cachorro, que depois de saboreá-lo com gosto, acompanhou o garoto.

Mais adiante, encontraram um macaco:

––Bom dia Momo Taro. Em que direção caminha?

––Vou á ilha dos Onis lutar contra eles.

––O que carrega no saquinho preso á sua cintura?

––Dangos, o docinho mais saboros desse mundo!

––Pode me dar um? Assim eu o acompanharei.

Momo Taro deu um um docinho de arroz também para o macaco.

Já eram em três quando, andando um pouco mais, depararam-se com um faisão.

––Momo Taro, onde está indo?

––Vou á ilha dos Onis, lutar contra eles.

––O que carrega no saquinho preso á sua cintura?

––Dango, o docinho mais delicioso que existe nesse mundo!

O faisão ganhou também um bolinho e juntou-se ao grupo.

Após longa caminhada, Momo Taro e seus amigos chegaram á Costa marítima, subiram em um barco e remaram em direcão á ilha.

Navegaram tranquilos por algum tempo, até que o mar se tornou agitado. O céu, antes muito azul, cobria-se de nuvens escuras á medida que se aproximava da ilha.

––Olhem, é ali! - foi o aviso dado pelo faisão, o primeiro que a avistou.

––Estamos chegando á ilha dos Onis!

Tudo naquele lugar possuia um aspecto sinistro: grandes pedras escuras, arbustos secos, névoa...

Sentindo arrepios, os quatros deixaram o barco para logo, encontrarem-se frente a um enorme castelo de pedras e rochas, protegido por um portão de ferro.

––Estarão eles lá dentro? disse Momo Taro.

–-Vou verificar.

O faisão voou e, espiando pelas frestas acima do portão, confirmou"

––Estão em casa sim, bebendo e comendo

––Eu posso ajudar - afirmou o macaco que, sem dificuldades, escalou o muro do castelo e, penetrando em seu interior, destrancou o portão.

Momo Taro, espada erguida na mão, entrou liderando seus companheiros.

Os Onis percebendo a invasão, levantaram-se de um salto, largando as garrafas de bebidas. Eram muitos, todos enormes e horrendos.

Travou-se um grande combate. O faisão voava por todos os lados e, com seu bico pontudo e afiado, feria os inimigos. O cachorro latia e lutava com dentadas, enquanto o macaco utilizava-se de suas unhas. Os demônios atacavam furiosos.

Momo Taro enfrentava com sua espada o lider que, apesar de ser maior e o mais feroz de todos, estava em desvantagem por causa da bebedeira. Finalmente, os Onis não tiveram outra alternativa além da rendição.

––Prometemos nunca mais prejudicar a aldeia ou molestar os humanos - disseram o chefe e os outros antes de implorar:

––Por favor, poupe-nos.

Momo Taro possuidor de um coracão bondoso e compreensivo, resolveu perdoá-los, já que todos mostravam-se arrependidos. Em troca o chefe dos Onis ofereceu-lhes os tesouros que seu povo roubara até então. Eram moedas de ouro, pedras preciosas, jóias, sedas, corais e muitas outras coisas de valor.

Com o auxílio dos amigos, Momo Taro voltou para casa puxando um carrinho cheio de riquezas.

Os pais, angustiados desde a partida, quase não acreditaram ao vê-lo são e salvo, carregando tamanha fortuna, que foi repartida entre os moradores da aldeia.

Todos viveram em paz, graças á bravura de Momo Taro, o menino que nascera de um pêssego.

Atualmente as crianças têm um dia dedicado a protecão, elas jogam Tanê (sementes de soja ou feijão) na frente da sua casa, para espantar o Oni.

Texto extraído da Winkipédia Japan

e Educativa

Sonia Lupion Ortega Wada
Enviado por Sonia Lupion Ortega Wada em 21/04/2008
Reeditado em 03/03/2023
Código do texto: T955093
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.