FULANO, SICRANO, BELTRANO E O TEMPO VAI PASSANDO

O texto abaixo foi redigido pelo jornalista Marcos Barbosa em 04/10/2005 e está sendo divulgado no espaço virtual do Dr.Maubássi, no Recanto das Letras.

Toda organização tem o seu aspecto formal e informal. A prefeitura de uma cidade, o governo de um estado, ou a Presidência da República são organizações formais. Toda organização formal coexiste com uma organização informal, nas suas entranhas, que às vezes ajuda e outras vezes atrapalha.

São muitos os grupos informais que atuam dentro de uma Administração. Um desses grupos... Como diríamos... É o grupo que tenta manipular,ou até governar memo, o chefe. Desde o princípio da democracia, até os dias de hoje, infelizmente, esses grupos informais sempre atrapalharam as administrações das cidades, estados e países.

Nós, que somos cidadãos comuns, queremos prefeitos, governadores, presidentes, REIS, IMPERADORES, que sejam canais de manifestação de grandes idéias e ideais. Precisamos de governantes com “G” maiúsculo, com grandes projetos, que consigam mudar a “cara e o astral” das nossas cidades.

Mas... não!!! Isto não aconteceu ainda! Não... Porque os manipuladores não têm autoridade moral. Os grupos de influência se revezam, ora por fraqueza moral do governante, ora por ação estratégica dos próprios grupos e por último este revezamento ocorre deliberadamente por determinação e vontade política do mandatário.

Tudo continua como sempre foi. As pessoas se aproximam do poder, formam um esquema de influência, “queimam” homens e mulheres competentes, levando fuxico aos ouvidos do governante, enredando-o numa teia de maledicências e assim se passa o tempo, administrando-se a organização informal. Prefeitos, governadores, presidentes, etc... pensam que estão governando, quando estão sendo governados pelos mexericos, plantados pelos boateiros de plantão.

Quando não usam esse expediente, criam mecanismos, na base da esperteza, para impedir contatos, com o chefe, das pessoas que incomodam o “status quo” do grupo de influência.

Um exemplo claro disto, se passa da seguinte maneira: Um puxa saco ouve uma conversa informal de Fulano, Sicrano, ou Beltrano. Como ele sempre procura uma maneira de freqüentar a “casa do homem”, não falta oportunidade de relatar, ao seu modo, tudo que ouve nas “rodinhas”. Tenta até traduzir algumas considerações, como esta que acabamos de fazer, ou acrescentando um veneno, sem contextualizar o fato, tipo assim...:

¾ Apoiei o presidente, não é porque ele é muito bom... O melhor de todos... Não... Não pensem vocês que sou ingênuo... Eu não entro nessa de alegre não... Eu conheço os defeitos e as qualidades do nosso ilustre presidente, mas apoiei, porque ele era menos pior que os outros.

Uma pessoa inteligente assumiria a seguinte postura:

¾ Caramba! Esta frase, partindo do “Fulano”, pode ser considerada um elogio... Vou falar “pro” chefe que o colega aqui, tem um grande apreço por ele.

Mas como inteligência, no nosso sistema é uma coisa rara, o energúmeno, na primeira oportunidade de puxar o saco do chefe, faz o seguinte:

¾ Olha Presidente... Não é fofoca não, mas o “Sicrano” tava falando mal de Vossa Excelência...

Na nossa democracia é assim: Tudo que o puxa-saco ouve o Beltrano falar e não entende, porque está utilizando um raciocínio complexo demais para sua capacidade de entendimento, é interpretado como “do contra” “ta falando mal” e coisas do gênero.

Se Fulano, Sicrano ou Beltrano forem razoavelmente esclarecidos e fizerem uma “análise de conjuntura”, numa conversa informal, perto de um desses energúmenos, é perigoso ele ser amaldiçoado na sua cidade, estado ou no país e nunca mais conseguir nem namorada na região, porque até os políticos de outros partidos, vão dizer:

¾ Fulano é criador de problemas, Sicrano não consegue se adaptar ao “esquema”, ou, Beltrano é contra o Governo.

Muitas vezes o Beltrano não teve nem tempo de ficar contra o governo, mas as pessoas que mandam no Governo é que são contra o Beltrano. Na verdade, não querem por perto, alguém que possa apagar o brilho de suas estrelas decadentes.

Doutormaubássi
Enviado por Doutormaubássi em 09/01/2006
Reeditado em 10/01/2006
Código do texto: T96491