CURSO DE DIREITO

Os exames da OAB terão, a partir de agora, melhores resultados, depois do curso intensivão ministrado pela mídia sobre o caso Isabela. Interessante que nunca se viu (pelo menos não me lembro) ser necessário se provar, e tanto, algo que parece evidente.

Para o povo em geral, fica uma conclusão, há sempre um filete, uma nota de rodapé, uma nuance, uma sutileza _ mas na verdade, uma defesa do que parece indefensável. No caso de pais pobres suspeitos, os filetes, as notas de rodapé e as nuances se escondem. Os artigos, parágrafos e alíneas da lei se fecham, se escondem. E a cadeia é o endereço certo, mesmo que daqui a trinta anos, a mesma lei se acorde e anuncie que algum sujeito é inocente. Vem o pedido de perdão e, talvez, uma indenização a ser paga em outras vidas e em parcelas. Mas, como muita gente crê fervorosamente que vem e volta para cá como um bumerangue, que se prepare para receber o dinheiro.

Gostei muito daquele Promotor que acompanha o caso, mas fiquei um tanto decepcionada quando ele considerou que a criança foi jogada num ato que continha uma nota emocional. Até que ele pode estar coberto de razão, eu não sei. Mas não seria o caso de que quem largou, jogou a pequenina o fez ali para evitar o barulho mais forte de um corpo caindo na pedra? Será que alguém que espanca, fere, sufoca, mata uma criaturinha tem essa preocupação de amaciar a queda?

Algo que não entendi foi aquela boneca não ter sido jogada quando um dos motivos seria o seu preço! Uma menina não tem preço e está morta, enterrada com a verdade de seu destino impiedoso. O seu corpo está morto, mas o seu sopro de vida sufocado ainda procura entender, ainda busca a libertação da injustiça cometida por seu semelhante.

São muitos os crimes cujas causas são enterradas com as vítimas. O silêncio dos criminosos também. Este é um crime que desafia a Ciência e as modernas técnicas para o desvendamento de seus supostos “mistérios” entre o céu e a terra.

Por que nos interessamos tanto por casos como este, o de Diana, o de Marylin Monroe e tantas outras pessoas famosas, ricas e bonitas? Por que nos interessamos menos por casos como aqueles, semelhantes _ ocorridos com pessoas pobres, miseráveis, humildes e oprimidas?Freud e outros estudiosos da mente e do comportamento humano abriram caminho para o entendimento, mas certamente isto pouco ou nada nos modificará.

O famoso instinto materno esteve sempre acima de qualquer conhecimento, mas este tal de amor, que não passa de volúpia, cega mulheres a ponto de atenderem aos pedidos de seus novos homens, como ocorreu nos Estados Unidos, quando uma mãe trancou os filhos dentro de um carro e deixou que o veículo descesse um barranco, afogando as crianças.

Tudo está sendo repensado, há novos conceitos, tolerância e penas alternativas. Chegaremos a um tempo em que matar será, além de inteiramente normal, necessário?