A DIREITA DA ESQUERDA

O termo esquerda, utilizado para designar as correntes políticas de ideologia socialista, tem origem na disposição das cadeiras na Assembléia Nacional Francesa no século XVIII. Os contestadores, críticos da situação, sentavam-se à esquerda; os a favor do estado de coisas posicionavam-se à direita.

Por analogia, com o advento das idéias socialistas, especialmente a partir da problematização de Marx acerca do porquê da manutenção das desigualdades sociais se a capacidade de produção capitalista se multiplicava tanto pela tecnologia como pela organização do modelo econômico, passou-se a considerar de “esquerda” quem propõe políticas que visem a redução dessas desigualdades, em defesa da politização das camadas populares. O termo “direita” passou a identificar as correntes conservadoras que defendem os interesses das elites.

O confronto ideológico entre as duas correntes viria acirrar mais ainda durante a Guerra Fria: nesse contexto, os partidários da direita investiram maciçamente na propagação da idéia de que o objetivo principal dos militantes da esquerda é investir contra a ordem, produzir o caos e a insegurança. Alguns teóricos, todavia, defendem que atualmente já não mais cabe o uso dos vocábulos esquerda e direita política.

No jogo político, a direita sempre lançou mão de métodos sórdidos para se chegar ao poder, incluindo manipulação através de mentiras, assistencialismo, fisiologismo, clientelismo, etc. Os partidos de esquerda (de ideologia socialista) sempre tiveram uma característica comum, regida por seus estatutos: a ética, a honestidade, a transparência na atuação. A meta dessa corrente, originalmente, é combater a alienação política e criar condições para que cada cidadão se liberte do jugo das políticas tradicionais, conquiste sua identidade, seu próprio espaço e a dignidade humana. Contudo, pode-se perceber que, atualmente, alguns militantes da esquerda, apesar de se declararem como tal, envolvem-se com estratégias políticas que historicamente sempre foram específicas da direita – é como se, do ponto de vista prático, existisse uma direita infiltrada na esquerda.

No Brasil, o partido de esquerda mais antigo é o Partido Comunista Brasileiro (PCB) que já se desdobrou em mais dois partidos: Partido Comunista do Brasil (PC do B), na década de 60, e Partido Popular Socialista (PPS), na década de 90; o Partido dos Trabalhadores (PT) é atualmente o partido de esquerda de maior projeção no país. Há outros partidos de esquerda considerados menores como o Partido Socialista do Trabalhador Unido (PSTU), Partido do Socialismo e Liberdade (PSOL) e Partido Socialista Brasileiro (PSB).

O grande diferencial entre ser de esquerda e ser de direita, como já foi dito, sempre foi a prática política. A esquerda sempre primou pela ação coletiva e pela conscientização das massas sobre os seus direitos e sobre o poder que cada um confere aos seus representantes eleitos. Já a direita quase sempre adota a prática da ação individual e o controle da consciência do povo através da manipulação – quanto mais despolitizada for a população, maior o poder de manipulação. Entretanto, o que se observa atualmente é que há militantes da esquerda (ou que se dizem de esquerda) agindo tal qual os partidários da direita. Para decepção de muitos militantes de esquerda, há companheiros seus cujas práticas políticas oportunistas, dentro e fora de seus respectivos partidos, nada deixam a dever ao mandonismo/populismo das correntes conservadoras.