Ofaié, um dia vou falar

Ofaié, um dia vou falar

Word da microsoft não reconhece mas só onze pessoas falam Ofaié no mundo. É tão bom ler a folha de São Paulo depois de mais de um mês de andanças e com informações truncadas. Só hoje pude voltar a fazer um ritual que há muito tempo não fazia. Acordar e ler a folha de domingo como se deve. Numa primeira leitura busquei a página de esportes e o primeiro espanto. Tévez é condenado a não jogar por xingar o juiz. Se a moda pega e o pessoal é obrigado deixar de trabalhar por xingar um chefe de trabalho quanta gente vai querer ficar em casa recebendo cumprindo suspensão temporária.
Li a revista com a reportagem de capa e depois da tempestade? Como minha avó dizia a esquerda sempre foi muito ingênua. Subiu ao poder, subiu também o dinheiro à cabeça. Dinheiro sobe e realmente aumenta as temperaturas do bolso. Parece que dá um frenesi e o ímpeto de gastar aflora com sintomas descarados de descontrole compulsivo. Dinheiro não combina com honestidade se bem que conheci um médico cardiologista que fez dinheiro sem que o dinheiro o fizesse. Deveria existir os personal moneys, seriam pessoas pagas para racionalizar o cliente com o seu dinheiro. Sobre a questão Lula e seus companheiros acho sim que botaram a mão na massa mas também acho que foi muito menos que os anteriores. Corrupto profissional não se deixa pegar.
Sobre outro aspecto prefiro os cupinzeiros que vi no Pará. Cupinzeiros de todos os formatos vivendo pacificamente lado a lado aos milhares. Sociedades complexas com auto-gestão preocupadas com um bem estar social. Não que eu prefira a anarquia como dizia minha avó mas com certeza gerenciar uma parte é muito mais fácil que gerenciar o todo. Tudo que é grande é complexo mas repartindo o grande em pequenos negócios no mínimo temos mais controle.
Fui para a o caderno mais e adorei a situação do premio para os vencedores do concurso britânico “grupo de leitura do ano”. O premio um final de semana em Edimburgo. Os ganhadores. Presos de uma penitenciária. Chamou a atenção a reportagem e me fez pensar porque não existem grupos de leituras no Brasil. Até devem existir mas não existe divulgação para tal. Mesmo eu fazendo parte de um jornal literário nunca montamos um grupo de leitura. Quase não conseguimos discutir nossa própria edição. Sempre existe o fator tempo para atrapalhar. Já para ser grupo é uma tarefa complicada.
Chamou atenção o eclipse solar no caderno Ilustrada. Sol apagada por tramas paralelas. O amor solidificado por estruturas rígidas não pode ser melhor que o perigo da paixão proibida. No pais comprar uma menina é possível e ainda pagando pouco. Existe cidades não muito longe movida a óleo diesel que para chegar até elas toma-se uma balsa que pode encalhar a qualquer instante. Depois encara-se mais 100 kms de estrada de terra e chega-se a tão sonhada Vila Rica-MT. Tentei descobrir porque era rica mas ninguém soube dizer. Recapitulando, o exemplo de um governador que poderia fazer muito e pouco se faz pela ingerência do tamanho que o conduz.
Novela são as estradas brasileiras, são cidades que veneram cachorros como Robson em Bela Vista de Goias que é venerado e adorado por todos da cidade. É praia de rio como no Tocantins e Araguaia. É ter uma cidade como Araguaina em Tocantins bem estruturada e servida apesar da pouca população. Até jogar boliche se pode na cidade.
Uma língua em extinção, em Brasilandia (MS) nome bastante sugestivo, onze pessoas são as únicas no mundo que falam ofaié. Será que algum dia vou falar afoié. É provável que não. Como é provável que não serei o presidente do Brasil. Mas a vontade deve perdurar. Quem sabe um dia eu more em algum lugar quase inexistente e consiga fazer deste lugar noticia não só no Brasil mas no mundo todo. Afinal uma célula não faz um corpo mas com certeza pode fazer a diferença.

Lorenzo

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ofai%C3%A9
http://www.overmundo.com.br/blogs/indigenas-ofaie-ameacados-correm-risco-de-extinc