Minha filha mais velha, Carla, a cientista, saiu daqui para achar seu caminho passando por São Paulo, França, Alemanha nas suas lidas de graduação, mestrado, doutorado, pós doutorado e seja mais lá o que houver. Carla, hoje radicada na Inglaterra trabalhando na London Universty, me falou que ao mandar fazer um estudo genético de si própria, achou que uma grande parte de seus ascendentes eram mouros. Talvez por isso sua morenice, que no Brasil nem é notada, mas que marca no meio europeu.
Talvez isso tenha vindo de meu avô materno que era um mulato, Cearense de nascimento casado com minha avó, uma portuguesa de pele bem clara. Bendita miscigenação.
Quem sabe por isso sempre fui fã das músicas nordestinas de raiz. Salve Luiz Gonzaga. Fiz em 1994 então meu primeiro baião. Com um estilo bem nordestino criei o Chamegando. Na época o Gervásio chamava de Chamegoso, nome que recusei pois já estava bem vinculado a uma outra música paraense existente. Acho que hoje ele já aprendeu a chamar pelo nome certo. Fiquei em dúvida no batismo. Inicialmente coloquei Resfolêgo, mas como talvez não ficasse tão eufônico e na letra aparecia "achamegado" palavra pouco conhecida com o "a" na frente. Batizei de Chamegando.
A primeira vez que apresentei em teatro convidei o Firmino com outra cantora para interpretá-la. Dai em diante virou um dos “hits” do Clube do Camelo, cantada sempre por um casal, com o Firmino sendo o principal intérprete e várias outras cantoras que o acompanharam. Já nem lembro quantas.
CHAMEGANDO (RESFOLEGO)
(Almir Morisson)
Quando danço achamegado
Com teu braço a me guiar
“Aclareio” minha vida
Com teus olhos de luar
Sentindo teu resfolego
Vou até nascer o sol
Sonhando no teu cangote
Fungando no teu suor
Teu suor tem cheiro ingrato
De saudade e de sofrer
Catinga de bicho arisco
Fugindo do meu querer
Menina,
Se desprezas meu querer
Me ensina,
A viver sem ter você
Desgruda,
Teu cheiro do meu viver
Me ajuda,
Dos teus olhos me esquecer
19/06/94
Como queria uma opinião abalizada de um dançarino de baião e forró, pedi a do meu compadre Zé Maria – que Deus o tenha -, Maranhense e exímio forrozeiro, que deu nota 10.
Obrigado amigo. Sempre vou lembrar de ti quando tocarmos.