Te amo e para sempre vou te amar

Desdobro meu passado cuidadosamente

Cuidando em não romper seus frágeis vincos

Ainda que meu coração abra os braços

Para acolher o descerrar das páginas

Em que o universo conta a nossa história

Como um capítulo ainda a ser escrito...

E no reconstruir das imagens

Espreita-me o perfume dos teus lábios

Exalando doces lembranças

Enquanto se debruça sobre a amurada da vida

Como se esperasse pelo beijo

Que há de redimir toda essa espera...

Ângulos fugazes desfocam olhares,

Cúmplices da saudade e da agonia

À espreita de outro dia

Onde os traços da tua letra tragam impressos

As certezas de teus regressos

Na dedicatória de antigas fotografias...

Mas ignoro tua ausência

Porque sempre em mim estarás presente

Ainda que jamais retornes...

E nas dobraduras de um passado feliz

Jaz um eco de longínquos sorrisos teus

A gritar-me saudades

No gosto amargo do adeus...

Vês? Secos são meus olhos,

Vão é o meu sorriso.

Árida é a alma, penoso é o paraíso

Para quem carregará pela eternidade

A lembrança do teu abraço

O gosto do teu beijo

Por entre o escoar da ampulheta do tempo...

E assim, observo a tarde calando-se no horizonte

No verde profundo do oceano...

E o frêmito de meu grito a te chamar

Ressoa pelos corredores de minha alma,

Enquanto tento adivinhar a luz do teu olhar

Sei que já não virás...

Mas esperas são reticências

Que enfeitam o meu olhar...

E dobro novamente meu passado,

Onde a promessa novamente se aninha:

Te amo e para sempre vou te amar...

J.B.Xavier & Fernanda Guimarães