A História de Dois Corações
Vagavam perdidos pelo mundo
dois corações solitários.
Por se sentirem incompletos
buscavam par complementar.
Supondo-se apenas parte de um todo,
desejavam se integrar.
Habitavam cada um uma alma.
E no meio de tantas outras,
pressentiam haver uma única
que satisfaria os seus anseios.
Sabiam que em um único
haveria oculto o tesouro do existir.
Mas como encontrá-lo, como descobrir
a identidade companheira?
Como desvendar
o par que compartilhava
dos mesmos ideais?
De tanto se questionar,
um dia uma possível resposta.
Talvez a chave
do encontro estivesse na alma
que emana do olhar.
Mas como encontrá-lo
em meio a tantos outros? Nova dúvida.
Não era suficiente,
embora fosse claramente a chave única.
Era preciso crer que o acaso
obedece à ordem do destino.
Assim, aguardar,
numa espera subjetiva,
cheia de expectativa,
aceitando a limitação de si
e aguardando o encontro esperado.
Enquanto isso, nada a fazer
senão proteger a sua semente vital,
sonhando com o solo
preparado para germinar
os desejados frutos.
Com certeza,
um dia há de ocorrer
o pressentido encontro.
Concretizarão juras.
Então duas vozes
falarão por agradável murmúrio,
confessarão o amor
oculto em cada um,
trocarão promessas.
E passarão a ser um
a partir deste encontro.