Naquela noite, uma voz negra e doce sussurrou em meus ouvidos como asas de morcego
Imerso num sonho claustrofobicamente mudo e fechado
Não havia formas sensatas de comunicação
E, eu não podia indagar porque fizeram aquilo comigo.
Fui emparedado, cimentado vivo
Assim como um tijolo fixado
Fixado fui nessa parede de concreto
Onde não há outro sinal orgânico de vida.
Só há decadência e loucura nesse muro maldito
Que divide o espaço entre o dentro e o fora
Agora, que acabei de acordar (do sonho)
Poe se virou para mim, ele esteve o tempo todo ao meu lado.
E sorrindo de lábios fechados não me dirigiu a palavra
Mas, eu entendi o que o mórbido poeta quis me mostrar
Arrancar-me-ão a alma da matéria, meu corpo terei que abandonar?
Sem conseguir imaginar, descobri que meu sepultamento está a chegar.
Minh’ alma que não pertence a essa sombra que tomba
Nunca mais será desenterrada¹.
O muro que respira (me sufoca)
O muro que respira (me sufoca)
O muro que respira (me sufoca)
O muro que respira...
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*Baseado em: O barril de Amontillado.
¹Citação extraída de: O corvo.
(Edgar Alan Poe)