O MESTRE TEMPO

Sinto-te grande

mestre das mil cabeças

aqui onde o meu olhar se espande

e te alcança bem direito ou as avessas.

Mil pensares do teu saber

entraram na minha sanidade

serão ou farão parecer

que o meu saber é pura idade.

Idade da experiência,

perdida na inocência,

quando se projecta na vaidade...

Saber que te sinto grande

mestre do tempo tão maduro

mil cabeças, um só sangue

equacionam, um só furo.

Um só furo não te mata

não te cega, nem destrói,

nem com uma bala de Prata

nem estaca espetada te dói.

Não és criatura da noite

apenas apareces como um monstro,

um dos que pensa afoito

e não anda por ai a deambular no encosto.

Tuas cabeças, ou tuas personalidades,

retratam teus pensamentos,

mestre tempo das idades,

ninguem te leva nem o Vento.

Ninguem o mata,

nem ninguem o leva na mão,

é a memoria que o retrata,

inteligência ou paixão...

Por isso te sinto grande,

mestre das mil cabeças...

é o teu tempo que se expande,

bem direito...

ou as avessas...

No espaço tempo

o frio cai sem direção...

Nuno Godinho

26-11-2010