A queda do vaqueiro

Era um dia bonito como qualquer outro

Peguei o meu cavalo e botei a cela

Como diz o matuto a boquinha da noite

Saí galopando fui pra casa dela

Mas um vaqueiro não é bobo, vi que tava estranho

Será que foi doença o que aconteceu?

Aquilo no meu peito me deu um arrocho

Sem falar no boa noite que ela nem me deu

Nem me olhou direito e já foi dizendo:

-Vamos terminar a nossa relação

Você anda me traindo eu já tô sabendo Eu aceito qualquer coisa menos traição

Você na minha casa sempre foi bem vindo

E no meu coração sempre fez morada

Mas agora nesse instante eu tô lhe pedindo

Monte no seu cavalo e pegue a estrada-

Tentei se explicar como quem não devia

Mas minha voz tremia e me condenava

Algo dentro de mim no íntimo me dizia

Que aquela boca macia eu nunca mais beijava

Pra manter o meu orgulho não pedi perdão

Montei no meu alazão e saí ligeiro

Eu sei que eu sou bom em derrubar o gado

Mas ela foi melhor derrubou o vaqueiro

Nunca vi uma novilha ser tão bruta assim

Correr na minha frente e eu não alcançar

Pior foi a plateia com pena de mim

Por eu a ter laçado e não segurar

Na volta choveu, como se o céu chorasse

Também trovejava no meu coração

O cavalo de tão triste até errava o passo

E o vaqueiro até hoje sofre de paixão.