Casco de Bota

Casco de Bota

(refrão)

Que raiva de mi

Por que não procurei a ti

Sentada lá na varanda

Contava as horas para eu passar

Falavam lá na quitanda

Que ela estava a me esperar

E eu um casco de bota

Não dava ouvidos ao povo hablar

Na missa todo domingo

Sentava à vista do meu olhar

Virava mostrando o brinco

Como se fosse a me convidar

E eu um casco de bota

Só dava ouvidos ao padre hablar

De noite lá na festança

Rodopiava para eu notar

Um gajo da segurança

Falou vai com a moça dançar

E eu um casco de bota

Não dei ouvidos ao gajo hablar

Um dia criei coragem

Passei na venda do Valdemar

Falei pinga para todos

Hoje eu é quem vou pagar

E eu um casco de bota

Bebia tanto sem nem notar

Sentada lá na varanda

Um belo gajo a lhe cortejar

Beijando virou as costas

Quando na rua me viu passar

E eu um saco de bosta

Caí no chão a me embebedar

Falavam lá na quitanda

Que esta paixão ia me matar

Procure a Dona Vanda

Que ela pode te ajudar

E eu um casco de bota

Levei um ano pra procurar

Me deu sete descarrego

Dois banho de rosa para eu tomar

Falou de um novo emprego

E a mulher que eu ia casar

E eu um casco de bota

Fui dar ouvidos a Dona hablar

Comprei duas alianças

E com o pai dela fui conversar

A mãe muito educada

Falou minha filha já vai casar

E eu um casco de bota

Não dei ouvidos à mãe hablar

Falei ôh seu Valdomiro

A Rosa vai comigo morar

Já falei com o Seu Vigário

E a festança já vou marcar

E eu um casco de bota

Não dei ouvidos ao pai hablar

Me levou para o terreiro

Com a garrucha a me apontar

Vai embora cachaceiro

Senão eu tenho que lhe matar

E eu um casco de bota

No meu ouvido quis atirar

E eu um casco de bota só tenho ouvidos no AAA

Rui Montese
Enviado por Rui Montese em 12/03/2014
Reeditado em 12/03/2014
Código do texto: T4726064
Classificação de conteúdo: seguro