(refrão)
Que raiva de mi
Por que não procurei a ti
Sentada lá na varanda
Contava as horas para eu passar
Falavam lá na quitanda
Que ela estava a me esperar
E eu um casco de bota
Não dava ouvidos ao povo hablar
Na missa todo domingo
Sentava à vista do meu olhar
Virava mostrando o brinco
Como se fosse a me convidar
E eu um casco de bota
Só dava ouvidos ao padre hablar
De noite lá na festança
Rodopiava para eu notar
Um gajo da segurança
Falou vai com a moça dançar
E eu um casco de bota
Não dei ouvidos ao gajo hablar
Um dia criei coragem
Passei na venda do Valdemar
Falei pinga para todos
Hoje eu é quem vou pagar
E eu um casco de bota
Bebia tanto sem nem notar
Sentada lá na varanda
Um belo gajo a lhe cortejar
Beijando virou as costas
Quando na rua me viu passar
E eu um saco de bosta
Caí no chão a me embebedar
Falavam lá na quitanda
Que esta paixão ia me matar
Procure a Dona Vanda
Que ela pode te ajudar
E eu um casco de bota
Levei um ano pra procurar
Me deu sete descarrego
Dois banho de rosa para eu tomar
Falou de um novo emprego
E a mulher que eu ia casar
E eu um casco de bota
Fui dar ouvidos a Dona hablar
Comprei duas alianças
E com o pai dela fui conversar
A mãe muito educada
Falou minha filha já vai casar
E eu um casco de bota
Não dei ouvidos à mãe hablar
Falei ôh seu Valdomiro
A Rosa vai comigo morar
Já falei com o Seu Vigário
E a festança já vou marcar
E eu um casco de bota
Não dei ouvidos ao pai hablar
Me levou para o terreiro
Com a garrucha a me apontar
Vai embora cachaceiro
Senão eu tenho que lhe matar
E eu um casco de bota
No meu ouvido quis atirar
E eu um casco de bota só tenho ouvidos no AAA