MAHJONG

Publicado por: Rosangela Aliberti
Data: 14/03/2007

Créditos

na voz da autora.
MAHJONG

Cuidado. Sou parte daqueles cristais, estou bem no meio daqueles corpos, tenho o sangue daqueles sobreviventes, para todo brinde um prato quebrado no chão ao som de velhas cantorias, conheço a dor dos vidros trincados... todo campo de guerra, têm: estandartes, fardas, armas e o rosto suado dos palhaços que insistem em se machucar entre si.

Passo por cima do pó, me transformando em vento, não me adapto bem há locais fechados, estagnados, empurro os corpos, nos jogos com bambus, calculando a cor da imparcialidade no amarelo-ouro das moedas entre miríades, sinto o cheiro e o choro das velas derretidas. Nas reconstruções, me reviro em mosaicos!!!

O outono sempre procurará as flores primaveris e o inverno sempre o aconchego do sol de verão. Quem não gosta de agulhas chinesas, ainda não tem noção do que seja acupuntura.

...

Mamãe era bem pior do que aquela enfermeira que comigo "aprendia" todos os dias no hospital a fazer exames de sangue, tinha um broche de escaravelho, aquele olhos de besouro egípcio cintilavam demais para o meu gosto, eu tinha apenas cinco anos de idade e sabia que as ações daquela "santa" criatura eram propositais pois nunca acertava corretamente a veia. Em um hospital dos bons como a Beneficência Portuguesa, nunca contratariam uma enfermeira to-tal-men-te inexperiente. Certa vez, sai correndo em desespero pelos corredores:[
 - Não quero você! De uma vez por todas, você não irá tentar retirar nem mais um pingo de meu sangue.
Fiquei por lá escondida soluçando, até ouvir que iriam trocar a tal da enfermeira. Nunca mais a vi, mas dentro de mim existe algo que sinaliza, em que locais devo pisar para não me machucar. Daquele jeito? Nunca, jamais.

Com tão boas representações de mães-más, quem precisaria de agulhas negras?

Ah! Existe um caminhão de metáforas por aqui, sou c(l)ínica escrevo tudo bem diante de qualquer nariz, porém não mordo.

Por que minha mãe não disse nada na época? O braço não era o dela.
Mães más são as melhores, sempre nos convidam a um tamanho exercício de Liberdade, aqui eu a absolvo com minha pele calejada que de modo geral não tem tempo para inchar. Parece que mães assim sempre tem o dom de cochichar em nosso ouvido: - Você sabe muito bem como se virar sozinha... experimente. Pode sentir a dor... latejará feito dor-de-dente, se gritar posso até ver mas necessariamente poderei lhe ajudar...!? (dose suas camadas de sado-masoquismo). 
Pois é, foi assim que me transformei em uma das partes de uma mãe-má. Sabendo que têm mães, que são boas demais! As salernitanas e as napolitanas as da região de Campânia (semelhantes as israelitas). Podem ser "mezzo mezzo"... só faltam dar o alimento na boca dos marmanjos, colocam a comida no primeiro prato, no segundo, enchem o copo de vinho e descascam os figuinhos-da-índia cheio de espinhos para todos os paxás na hora da sobremesa. Não escrevi paxás a toa (reconheço o ar dos sarracenos de longe). Em contrapartida, nestes locais existem mães que sabem sufocar muito bem: Têm um par de asas daquelas de quem não quer soltar os pintainhos.. têm tentáculos. Alforria? É palavra de ordem desconhecida, não soltam nem largam do pé, têm um lençol-fantasma portátil... (fantasmas não morrem com nenhum tiro, estão sempre-vivos, vivem lubrificando as correntes), as palavras voam chispando no ar como se fossem pedradas ou dardos certeiros em um só zóing.

Se suas espadas são a Lei! Sou a fundição ou... desvio. Sempre fui aquela que desviava das bolas nos jogos de queimadas... sobrevivo com um capacete de Mercúrio alado... se não tenho força para agarrar no peito e mandar a bola para o campo do adversário... canso o último jogador e ainda sobra energia para enviar a bola que com sorte escorregará para o meu lado do campo, daí é só soltá-la até o "cemitério" (agora, por aqui não tem nenhuma metáfora, não tenho vergonha de contar um dos pulos dos gatos) é com estes tipos de cartas é que se queima um jogador que não sabe ainda utilizar a sua "força") quando me acertam em cheio vou parar em algum "cemitério" ...Há tempos aprendi com as brumas que os articula_dores ressuscitam mais fortes todos os santos dias; muita gente já me mandou para os quintos e teci lindos vestidos, com as cortinas das salas, porque não tenho medo nem pena de canções dramáticas, ares fóbicos, histeri(o)cos, hipocondríacos e/ou dos mais doentios: "um médico chinês costuma dizer que não se deve olhar apenas o paciente, mas escutá-lo, tocá-lo, cheirá-lo, provar sua urina e conhecer as suas fezes." 
Caríssimos, já atravessei mais muros que os elementos sãos possam imaginar e aprendi a discernir os blefes da realidade, antes de um paciente mentir para mim estará sempre mentindo para si próprio.


PONTO DE MUTAÇÃO

Con_verso com biografias
não descarto o "arcaico"
porque ele pode ter se transformado
em novidade no dia a dia
pontos Gs não estão apenas nas vaginas

Pedras brutas
ou frágeis cristais
são recolhidas
podem ser chutadas
e até passar por despercebidas

Como há os que (se) apagam...
há os que brilham
e os indiferentes

Dificilmente algo passa "batido"
e quando passa,
é porque que tinha que passar
em branco

No mundo vivo das Scarletts & O’haras
poesia não tem dia
a Magia está em fazer outro ser
sentir a Poesia
hoje você lerá o que desejar
escritor ou leitor
procurando ou não
você sempre será Poesia

Tudo é muito natural
a Natureza não tem Fantasia.


...

Este é o resultado de um dos jogos, sendo que na Vida nunca se vence... Sempre.

Rosangela_Aliberti
São Paulo, catorze de março de 2007
Arte de origem desconhecida








Rosangela Aliberti
Enviado por Rosangela Aliberti em 14/03/2007
Reeditado em 16/03/2007
Código do texto: T411914