MEU AGRESTE POTIGUAR

Saudades, dos tempos de outrora, como fui feliz, a correr pelos verdes campos do meu agreste potiguar, como a voar, tais quais as borboletas multicoloridas, que pousavam, a sugar o néctar das flores e rosas do meu jardim, os galhos das árvores onde ensaiava pequenas acrobacias aéreas, junto aos meus irmãos, as nossas peripécias eram tantas, que aborreciam nossos pais, assustávamos os saguins que teimavam em voltar.

Saudades dos dias de chuvas, em que brincava, vendo o meu barquinho de papel, a derivar nas poças que se formavam, da água que deslizava a molhar meu corpo, como finas e doces carícias de um amor infindo.

Saudades dos amigos de infância, da sala de aula da escola do meu bairro, que já nem existe mais, o desejo de aprender estava muito além, era com o desejo de viver que eu mais me comprometia, sorrindo sempre de contente, a inconsequência ditava mais alto.

Saudades de quando nossa inocência, não nos condenava. Era tudo tão tranquilo e calmo, os dias eram tão longos e divertidos, nas noites o piar da coruja me assustava, agourenta, prenunciava morte, lenda contada pelos mais velhos.

Saudades tantas, que me ponho a lembrar de cada detalhe, daqueles momentos vividos entre nove irmãos, naquela pequena casa de taipa, arrodeada de flores e árvores frutíferas, lembro de caminhar entre elas, lembro das noites de lua cheia, ouvindo histórias de Trancoso, contadas por um tio paterno, tantas as que me assustava, que levava horas para adormecer.

De tudo, ficaram as recordações e das boas, que guardarei na memória e no coração por toda minha vida, contarei aos netos e bisnetos que virão, para que saibam que a minha infância, foi de muitas dificuldades, mas recheada de aventuras e travessuras fui uma criança feliz, enfim!

Vivi intensamente, entre a natureza de um cantinho lá no litoral agreste potiguar.

Saudades!

Neide Rodrigues, poetisa potiguar, em 29/03/1994

Reeditada em 07/08/2018; 14/04/2020 às 00:12h