UMA VALSA E DOIS AMORES





CRÔNICA EM HOMENAGEMAO MESTRE DILERMANDO REIS.

 
 

 
                    Dilermando Reis, é, foi e sempre será para nós violonistas, eternamente o mestre do violão. Apesar de ter nos deixado há mais de cinquenta anos ele ainda é a nossa referência e mestre de todos os tempos.
                    Quando criança, aos sete anos de idade, eu ganhei do João Faustino, meu irmão mais velho, um cavaquinho e nele comecei o arremedo de tocar. Antes, como era pobre, eu fazia as minhas próprias violinhas, umas de taquara e outras de madeira, com fios de nylon (linha de pescar).
                    Depois, aos nove anos de idade quando já estudava no  segundo ano primário  (Grupo Escolar Henrique Botelho) na minha amada cidade de São Sebastião-SP, onde um dos membros do corpo docente era nada mais nada menos que o mestre da música, grande violinista, o professor Euclides Ferreira natural de Cravinhos-SP, autor e compositor da música "Batuque Caiçara" que é a trilha sonora para um dos primeiros filmes brasileiro, “O Caiçara”.
                    Daí então, mostrando-lhe o meu interesse pelo cavaquinho e pela música ele gentilmente se ofereceu para lecionar-me aulas de música gratuitamente em sua casa, o que aceitei com o maior prazer. Não podia desperdiçar aquela oportunidade.    
                      Dali em diante comecei ter mais contatos com músicos, alguns muito bons e já profissionalizados. Foi quando num certo dia ouvindo no rádio um programa com o Dilermando Reis tocando conheci o verdadeiro som de um violão. Lembro-me que era um programa especial, no qual Dilermando  tocou Sons  de carrilhões, Abismo de rosas, Uma valsa e dois amores, Se ela perguntar e outras tantas obras de  sucessos.
               Fiquei extasiado. Pra mim aquilo sim era tocar. Tirar o verdadeiro som limpinho das cordas de um violão e com uma precisão invejável era o máximo. Por isso mais tarde resolvi mudar de instrumento, pois percebi que como cavaquinista eu não tinha nenhum futuro.
                 Como se diz popularmente até então eu só tinha visto e ouvido pessoas que iguais a todos tocadores de violão apenas arranhavam o instrumento.
                    Mas nesse embalo, como em terra de cego quem tem um olho é rei, eu que estudava música com o Professor Euclides Ferreira, já era considerado um ótimo tocador de cavaquinho, segundo os meus amigos e companheiros de saraus e cantoria arriscava tocar Pedacinhos do céu, Brasileirinho e tantos outros dos grandes e lindos choros do não menos conhecido e importante "Valdir Azevedo". Este sim, o inimitável e insubstituível cavaquinista do Brasil.
                    Anos depois, já trabalhando como auxiliar de cartório fui estudar música no conservatório em São José dos Campos. Mas pelas minhas próprias limitações, iniciei os estudos para tocar contrabaixo. (Trocadilho: Nada contra os altos).
                    Portanto, sem medo de errar, afirmo a todos que nunca estudei violão; não tenho técnicas apuradas. O que faço é muito simples e primário, próprio de um autodidata no instrumento. O pouco que aprendi em termos  de  técnica   violonísticas foi agora coisa de um  ano atrás, com o meu amigo, irmão e parceiro Francisco Araujo, esse sim, na atualidade o maior violonista da América Latina. (este texto foi por mim escrito em dezembro de 2010).
                   A guisa de comentário, não como afirmação, pois não tenho certeza absoluta disso, já ouvi várias pessoas falarem que essa música ele Dilermando fez em homenagem às duas mulheres que ele amava ao mesmo tempo.
                    Uma valsa e dois amores eu gravei, mas só publiquei na minha página no Recanto das Letras, bem como no meu site. Não editei, não corrigi nenhuma frase que escapou errada. E nem usei nenhum recurso técnico nessa gravação. Foi feito tudo às pressas e de uma só vez. Por isso não tem cortes ou reparos. Isto porque a minha intenção foi simplesmente fazer o fundo musical para esta homenagem ao nosso grande mestre. Infelizmente por questões burocráticas e financeiras (direitos  autorais) não pude inserir essa música em nenhum dos meus CDs.
                    Felizmente o nosso Brasil é um verdadeiro celeiro de grandes violonistas. Todos merecem a nossa homenagem hoje e sempre estejam em qual plano estiverem.
                     Porém ao nosso mestre maior, Dilermando Reis faço essa humilde homenagem.
 
 
 
CLEMENTINO, poeta e músico de São Sebastião – SP/BR.