Todos os finais de ano somos agraciados com um especial global do rei Roberto.

Talvez esse meu tópico frasal já provoque polêmicas, mas claro, confesso que falo com toda tendenciosidade do coração, posto que sou fã de carteirinha de Roberto Carlos. Fã do todo! Fã do tudo!

Minha mãe sempre me diz que nasci literalmente sob o som de Roberto.

Morávamos numa casa, quase geminada ao clube dum bairro simples, aonde o Rei, ainda não conhecido, começava a se apresentar ao público no início da Jovem Guarda. Ela me ninava sob os primeiros sons da sua voz pela madrugada afora...

Lembro-me que no NATAL do meus seis anos, ganhei um violão. De plástico.

Suas cordas eram duras, emitiam um som pobre, e eu, a ignorar os gritos de advertência de minha mãe, subia num apêndice de muro da entrada da casa, e soltava as goelas para a vizinhança toda. Coitados!

"Era um garôto que como eu, amava os beatles e os rolling stones...", era a minha preferida. "Tátátátátá..." Não tardava a aparecer fãs...e críticos duros! Ali, eu não sabia, mas começavam as primeiras aulas sobre a vida. Só muito mais trade eu entenderia (tristemente) o que era aquele tátátátátá...

Quatro anos depois, meus pais não tiveram saída, e eu iniciava minhas aulas de violão e música clássica, num conservatório musical aonde me graduaria aos dezessete anos.

Às vezes levava bronca dos professores por escapar das aulas clássicas para tocar o popular com os meus amigos .

Mas foi no conservatório que desenvolvi o gosto eclético pela música, desde o cancioneiro popular brasileiro, lindo e vastíssimo, até aos movimentos da fase de ouro, bossa nova, tropicalismo e jovem guarda.

E óbviamente as maravilhas contemporâneas da MPB, que surgiriam na sequência dos tempos.

E o que dizer dos consagrados clássicos mundiais!

É nesse contexto, que queria parabenizar o show do Rei que sela dois mil e oito, num encontro de vozes inesquecíveis da nossa música.

Vimos o quanto a arte é vasta, pluralista, e como os diferentes gêneros musicais, quando artisticamente acoplados fazem maravilhas aos nossos ouvidos!

Em arte não há que se ter preconceito, sob a pena de se perder o que há de melhor. E na música temos que nos permitir... ouvir.

Todos sabemos que a Jovem guarda ,de fato, não era bem aceita pelos críticos de arte.

Talvez naquela época tais críticos não atentassem bem aos anseios dos mais jovens e de seus movimentos artísticos, muito menos à poesia!

Roberto Carlos é um fenômeno.Basta observar com critério.

Abstenho-me aqui de falar de seu espírito de artista, da sua humildadee carisma pessoais ,dos quais sou fã. Reune gerações de todos os tempos, de todos os povos, de todas as classes sociais.É algo lindo de se ver...

Interessante que não se destaca por um vozeirão, sequer por ser um "show man", no sentido mais figurado das artísticas expressões corporais de palco.

Mas tem luz. Tem estilo próprio. Tem um timbre de voz agradabilíssimo, especialíssimo, tem carisma artístico...e é pura sensibilidade, doce poesia.

E sempre assumiu na parceria com Erasmo Carlos, o seu lado poeta, donde surgiram poemas maravilhosos, em canções que se eternizaram aqui, e que viajam o mundo.

Já havia entrado em contato com seu novo CD em homenagem aos cinquenta anos de Bossa Nova.

A parceria com Caetano Veloso nas músicas do maestro Tom Jobim, ai meu Deus, é de arrepiar! Idéia de gênio, expressão de arte não diferente, um presente a nós, à belíssima música brasileira, e ao planeta!

Aqui deixo, de coração, minha reverência ao Rei e seu pareceiro de voz, cujo CD é a prova concreta que no mundo da arte sempre haverá espaço para tudo e para todos.

Basta que a qualidade saiba dar as mãos.

E por isso que hoje eu ainda sou uma garota que ouve os Beatles e os Rollings Stones.