O MUNDO E EU

O mundo volte de novo e eu ao mundo

algum encontro novamente entre nós

uma troca no agora entre esses dois.

Não seja tarde demais para tal câmbio.

A Lua já passou por todas as fases

infinitas vezes

desde que nos separamos.

Já não sabemos mais nada um do outro.

O que estaremos fazendo?

Tento imaginar com que olhar

o reencontro

com que silêncio

a celebração da volta.

Com que humor estaremos nesse dia?

E se, de repente, o diálogo começar

com a palavra errada?

E se a resposta a essa fala for pior ainda?

Talvez, depois de tanta ausência,

paire entre nós apenas

o silêncio infinitamente incômodo

de amantes que se perderam há muito

de repente na mesma cama

ao acaso e desconhecidos.

Como estaremos vestidos?

Com a displicência

de quem se dispõe ao fortuito?

Com a nossa melhor roupa

para um impacto favorável?

Será que, depois de tanto tempo,

ainda seremos capazes de reconhecer

a cara um do outro?

Poema publicado na revista 'O Casulo', Edição 8 - abril/2008, lançada na Casa das Rosas em 27 de abril, ontem.