VOLTEI MAMÃE!!!...

Para o velho lar onde me davas amor e acolhida

E que um dia me viu sair e ficou entristecida

Com um lencinho a me acenar e a banhar-se em pranto

Acompanhando-me com o olhar tristonho, até a esquina

Quando sumi, entrou calada, pra a cumprir a sua sina

Que é a sina das mães, pelos filhos viverem a sofrer tanto

Eu segui, mamãe, essa viagem incerta e sem destino

Pus-me a vagar no mundo, igual um andarilho peregrino

Sem que um mal e nem um desgosto jamais me fizesse

E no abstrato saí em busca de nada em meu caminho

Deixando tudo, o conforto do lar e o seu doce carinho

E pesarosa ainda, recomenda-me a Deus fazendo-lhe uma prece

Saí pelo mundo mamãe, às tontas e aos tropeços

E assim perdido à procura de outros endereços

Somente amargura e tormento nessa estrada encontrei

E sozinho ao relento, tristonho, infeliz e tão distante

E a lembrar do nosso lar e do seu carinho aconchegante

De onde me viste sair e pra onde nunca mais voltei

Recebi do mundo os castigos que a vida oferece

E tais castigos, mamãe, o nosso peito amargo enrijece

Como se uma pedra estivesse no lugar do coração

E esqueci-me do pranto que a vi chorar na despedida

Porque as mães que zelam pelos filhos são sempre esquecidas

Pois dão carinhos e em troca recebem ingratidão

E hoje está de volta, mamãe, seu filho ingrato

A quem deste carinho e só lhe deu maltrato

E que num dia triste e chuvoso lhe deixou pra traz

Que a me ver partir ficou com um lencinho acenando

E alimentava a esperança de me ver voltando

Hoje eu voltei mamãe e já foi tarde demais

Ao bater à porta daquela pobre e humilde casinha

Na ansiedade de rever e abraçar a velha mamãezinha

Ao invés da mãe, hoje é o filho que lamenta e chora

E inutilmente a bater naquela sólida e triste porta

Não adianta mais porque mamãe está morta

E a sua alma nos céus ao lado de Deus já mora

Autor: Carlos Alberto de Oliveira Aires

Carpina–PE, 25/05/2008

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